O Haaretz, importante jornal israelense, descreveu assassinatos indiscriminados de civis palestinos no Galeria Netzarim do território com autorização do comando do Tropa de Israel. Quotidiano considerado progressista em israel, o Haaretz tem enfrentado severas críticas do governo de extrema direita do primeiro ministro Benjamin Netanyahu.
Na reportagem soldados, oficiais de curso e reservistas não identificados disseram que os comandantes israelenses ordenaram ou permitiram o homicídio de mulheres, crianças e homens desarmados no Galeria Netzarim, uma filete de terreno de sete quilômetros de largura que corta Gaza de Israel até o Mediterrâneo e que foi transformada em uma zona militar.
Os soldados disseram ao Haaretz que receberam ordens para transfixar queima contra “qualquer um que entrasse” em Netzarim.“Qualquer um que cruzar a risca é um terrorista – sem exceções, sem civis. Todos são terroristas”, disse um soldado citando o comandante de um batalhão.
Um solene citado pela reportagem narra um incidente em que um comandante anunciou que 200 militantes haviam sido mortos, quando na verdade “somente 10 foram confirmados uma vez que agentes conhecidos do Hamas”
Os soldados também descreveram uma vez que os comandantes de separação receberam “poderes ampliados” que lhes permitiram bombardear prédios ou lançar ataques aéreos que antes exigiam a aprovação dos escalões superiores do tropa.
As alegações contidas na reportagem do Haaretz não puderam ser verificadas de forma independente.
A reportagem disse que os soldados israelenses falaram com o jornal para que o “povo israelense saiba uma vez que essa guerra realmente é e quão graves são os atos que alguns comandantes e combatentes estão cometendo dentro de Gaza”. “Eles precisam saber as cenas desumanas que estamos testemunhando”.
O grupo militante palestino Hamas se manifestou sobre a reportagem dizendo que os testemunhos ofereceram “novas evidências de crimes de guerra sem precedentes e operações de limpeza étnica de pleno recta, realizadas de forma organizada” e exigiu que as Nações Unidas e o Tribunal Internacional de Justiça “documentassem esses testemunhos e tomassem as medidas necessárias para interromper o genocídio em curso na Tira de Gaza”. “Qualquer certeza em contrário é totalmente infundada.”
Mais de 45 milénio pessoas foram mortas e 106.962 ficaram mutiladas e feridas em ataques israelenses em Gaza desde 7 de outubro de 2023, segundo o Ministério da Saúde do enclave.
‘Não há inocentes em Gaza’
Muitos soldados que falaram com o Haaretz apontaram para um comandante específico, o general de brigada Yehuda Vach, que no verão pretérito assumiu o comando da Ramificação 252, que estava sediada em Netzarim.
Um dos soldados disse sobre Vach – que nasceu no assentamento de Kiryat Arba, na Cisjordânia ocupada – que “sua visão de mundo e suas posições políticas estavam claramente orientando suas decisões operacionais”. Moradores dos assentamentos judaicos ilegais em terras palestinas são geralmente ideologicamente radicalizados. Outro soldado disse que Vach havia enunciado que “não há inocentes em Gaza”.
Os militares disseram à AFP que as “declarações atribuídas a ele… não foram feitas por ele”.
Em uma enunciação à AFP nesta sexta-feira (20), os militares rejeitaram as acusações. “Todas as atividades e operações conduzidas pelas forças (do tropa israelense) na Tira de Gaza, inclusive no Galeria Netzarim, são realizadas de pacto com procedimentos de combate estruturados, planos e ordens operacionais aprovados pelos mais altos escalões do (tropa)”, disse.
Os militares acrescentaram que “todos os ataques na extensão (de Netzarim) são realizados de pacto com os procedimentos e protocolos obrigatórios, incluindo alvos que são atingidos em um período de tempo urgente devido a circunstâncias operacionais essenciais em que as forças terrestres enfrentam ameaças imediatas”.
*Com AFP
Edição: Leandro Melito