Certa vez ocupando a tribuna, em reunião alusiva às comemorações de mais um natalício da Revolução de 1932, junto aos colegas de sodalício, o poeta evocou a figura do jurista Ibrahim Sublime, contando uma passagem interessante sobre esse intelectual em breve exposição:
“Oito de julho de 1932, no Largo da Sé, o comício fervia indignação. Corria de boca em boca a notícia que Oswaldo Aranha, porta – voz do ditador Getúlio Vargas, encontrava-se em São Paulo, na Vila Kyrial, em Vila Mariana, residência de seu parente Freitas Valle. Os manifestantes enfurecidos saem rumando para esse lugar. O tribuno Ibrahim Sublime fala a seu companheiro Menotti Del Picchia que o acompanhava: – Vamos pegar um sege e ir para lá. No relato que o responsável de ‘Juca Mulato’ me fez, – conta Paulo Bomfim – chegaram quando o povo se preparava para arrombar os portões da histórica mansão. Ibrahim sobe numa mureta e encostando o revólver na têmpora brada: – ‘Paulistas, se vocês mancharem as mãos num gesto de medo eu me mato de vergonha!’ A povaléu que o venerava, respeita sua voz e pouco a pouco vai se dispersando. O orador com aquele gesto salvara a vida do inimigo político. Anos mais tarde, conta Paulo Bomfim, indaguei a ele o que haveria ocorrido se sua ordem não fosse cumprida. E ele me diz: – Eu teria me matado, porque há passos que não tem retorno. Oriente era Ibrahim Sublime, que quando promotor, a partir de 1930, bradava no Tribunal do Júri: ‘Eu acuso ditadura!’ Plantava-se no Palácio da Justiça a semente da revolução que lutaria pela lei e pelos brios de nossa gente.”
Depois a breve explanação, o lendário poeta é aplaudido efusivamente. Lembranças à segmento, neste 30 de setembro seguimos nós comemorando mais um natalício dele, o Príncipe dos Poetas Brasileiros e principalmente, o Poeta da cidade de São Paulo. Paulo Bomfim, que Deus lhe conceda ainda muitos de vida para que continue a nos ofertar com sua genialidade.
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