Nesta quarta-feira, 20 novembro de 2024, data em que pela primeira o Dia da Consciência Negra é festejado porquê feriado vernáculo, o Recinto de São Pedro, no Recife (PE), recebe extensa programação cultural composta exclusivamente por artistas negros. A “AfroFest” tem início às 15h e deve passar das 22h, com música, verso, grafitagem e uma feira de artesanato e comidas de pequenos negócios liderados por mulheres negras.
Às 15h, o palco é desimpedido pelo DJ Vibra, seguido pelo Balé Afro Majê Molê (16h). Na sequência, tem o conjunto de samba A Turma do Saberé (17h), a mediação poética de Odailta Alves, o Coco de Mulheres (18h), o Coco Raízes de Arcoverde (19h), Isaar França e Afonjah no espetáculo Luz África (20h), a margem Carranza (20h40), e a noite será encerrada com Afroito (21h30). Ao longo da tarde e da noite, estará acontecendo no sítio a “Feira das Mulheres Pretas” e a pintura ao vivo de grafite liderada pelo “Coletivo Pão e Tinta”.
Idealizado e coordenado pela produtora cultural e ativista Jadion Helena, o festival é produzido de maneira independente e procura exaltar a música preta e popular de Pernambuco. “O nosso estado merecia um festival em que a cultura negra seja protagonista, juntando o samba, o hip hop, o coco, afoxé, frevo e maracatu”, diz a idealizadora, que quer “valorizar, visibilizar e potencializar a cultura preta”. “É a celebração da nossa ancestralidade”, completa Jadion Helena. O AfroFest teve a sua primeira edição no dia 20 de novembro de 2023.
O Recinto de São Pedro é palco, há 25 anos, da Terça Negra, evento cultural organizado pelo Movimento Preto Unificado (MNU). O sítio é um ponto de encontro de artistas e manifestações culturais negras do Recife e de Pernambuco. O festival é produzido com recursos públicos municipais e estaduais, respectivamente da Secretaria de Cultura do Recife (prefeitura) e da Fundarpe (Governo do Estado).
20 de Novembro e a memória do líder
A data é estimada porquê o dia em que foi assassinado Zumbi dos Palmares, líder político e militar do Quilombo dos Palmares, maior comunidade de resistência à escravidão da história do Brasil, no termo dos anos 1600.
O quilombo ficava na Serra da Bojo, que era secção do território de Pernambuco, mas hoje pertence a Alagoas. A comunidade chegou a homiziar 20 milénio pessoas, entre negros e negras fugidos, libertos, indígenas e brancos pobres.
20 de novembro: conheça a história do dia da Consciência Negra
A terreno e a produção eram coletivizadas, sendo a lavradio a principal atividade do sítio. Pesquisas apontam a existência de olarias, oficinas de metalurgia, geração de pequenos animais e artesanato. A prosperidade do quilombo era considerada uma ameaço para os fazendeiros escravocratas. Eles passaram a financiar expedições para guerrear o Quilombo dos Palmares.
Em 1694, a expedição comandada por Domingos Jorge Velho consegue a devastação do principal mocambo que integrava o Quilombo dos Palmares. Ferido de guerra, Zumbi consegue fugir e sobrevive, o que alimentou lendas em torno de seu nome.
Mas no ano seguinte, Zumbi foi traído e entregue aos inimigos. Degolado, teve sua cabeça exposta no Recinto da Igreja do Carmo, superfície médio do Recife, onde hoje há uma estátua em sua homenagem.
Apesar de possuir entrado no calendário de celebrações escolares no primeiro ano do governo Lula, em 2003, só se tornou uma data vernáculo, por lei, em 2011. Em dezembro de 2023, de volta à Presidência, Lula transformou a data – que já era feriado estadual ou municipal em alguns locais – em feriado vernáculo.
Nascente: BdF Pernambuco
Edição: Vinícius Sobreira