Movimentos populares se reuniram com o papa Francisco nesta sexta-feira (20) no Vaticano, para comemorar os 10 anos do primeiro Encontro Mundial dos Movimentos Populares (EMMP). Lideranças de diferentes grupos falaram sobre o compromisso com a luta por terras, moradia e trabalho durante o evento chamado “Plantar a bandeira contra a desumanização”.
Um dos participantes foi o dirigente vernáculo do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terreno (MST), João Pedro Stedile. Ele falou sobre a prestígio do encontro promovido pelo papa no que chamou de um ato “revolucionário” para os padrões do Vaticano. Segundo Stedile, ouvir ou movimentos populares é fundamental para um diálogo espaçoso sobre as necessidades concretas dos povos.
Em sua participação, o dirigente do MST falou também sobre as mudanças em relação ao primeiro encontro realizado em 2014, também no Vaticano.
“Nesses 10 anos, trocamos muitas ideias, o mundo ficou muito pior. Porque o capitalismo porquê modo de organização da produção e da renda do trabalho entrou em uma crise terminal. Os capitalistas seguem acumulando, concentrando e se transformando em bilionários, mas as pessoas estão mais empobrecidas, com mais necessidades”, afirmou.
Ele também afirmou que os capitalistas aumentaram seus lucros a partir do incentivo às guerras e conflitos armados para a venda de armas e munições pelos EUA e Otan. De consonância com Stedile, os próximos encontros deveriam focar em três pontos centrais: meio envolvente, silêncio e combate ao fascismo.
“Para os próximos encontros, deveríamos focar nossas preocupações em temas candentes e prioritários: primeiro a resguardo da natureza, não podemos admitir os crimes ambientais cometidos pelo agronegócio. Focar com força o tema da silêncio, não podemos admitir o genbocídio na Palestina, por exemplo. O terceiro é porquê enfrentar os métodos fascistas e, para isso, é preciso restaurar a democracia popular. As pessoas têm que desenvolver métodos para a participação efetiva na política”, afirmou.
Outro a falar durante o evento foi o fundador do Sindicato dos Trabalhadores da Economia Popular, Juan Grabois. Ele é uma figura próxima do papa Francisco e falou sobre a prestígio de continuar defendendo as bandeiras dos movimentos populares. Para ele, a luta por terreno, moradia e trabalho são os eixos fundamentais para a garantia dos direitos.
“Recebemos uma bandeira para defendê-la e um sentido de propósito. A verdade é que a melhor coisa que pode suceder com você é ter um pouco pelo que lutar. Quando falamos de moradia, terreno e trabalho, estamos falando de quem não tem nenhum desses direitos. Pessoas deslocadas, pessoas que dormem nas ruas ou que perderam o serviço. Não é um pouco muito multíplice, é bastante rudimentar”, disse.
Outro ponto engrandecido por ele foi a “integração sócio urbana”. De consonância com Grabois, o trabalhador gasta muito tempo se deslocando nas cidades por uma exclusão espacial e por ter que remunerar aluguel para viver. “É uma loucura que tenhamos naturalizado o traje de remunerar para dormir”, disse. Para ele, é preciso que sejam pensadas alternativas para evitar que se amplie a exclusão.
Em seu exposição, o papa Francisco também falou sobre os três eixos abordados por Grabois. Para ele, os movimentos também precisam manter a esperança e os sonhos para continuar lutando.
“Terreno, moradia e trabalho são direitos sagrados. Que ninguém tire de vocês essa fé, que ninguém roube essa esperança, que ninguém tire de vocês os sonhos. Amontoar não é virtuoso, não é virtuoso, partilhar é. Jesus não acumulava, multiplicava, mas multiplicava e seus discípulos distribuíam”, afirmou.
Edição: Rodrigo Durão Coelho
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