Em 2023, 17,9% da População Economicamente Ativa (PEA) negra do Região Federalista estava desempregada, enquanto a taxa de desemprego da parcela não negra no mercado de trabalho era de 13,5%. É o que mostra o documento “A Situação dos Trabalhadores Negros do Região Federalista – Resultados de 2023” da Pesquisa de Ocupação e Desemprego do DF (PED), divulgado em novembro deste ano.
O documento também revela que, ainda em 2023, a População em Idade Ativa (PIA) do Região Federalista era majoritariamente negra, com volume de pessoas que se autodeclaravam pretas e pardas alcançando 60,6% dos moradores com 14 anos e mais. Com isto, estimava-se que um passageiro de 1.582 milénio pessoas negras residia na capital da República, no último ano.
Em confrontação com 2022, a taxa de desemprego cresceu 1,2%, quando estava situada em 16,7%. Para as pessoas não negras, não houve modificação no número.
Ainda segundo o levantamento, no último ano, o tempo médio gasto na procura por trabalho foi menor para os desempregados negros do que para os não negros, sendo 11 meses e 12 meses, respectivamente. Em relação a 2022, houve modificação desse tempo somente para a população desempregada negra, dos quais período de procura por ocupação foi reduzido em um mês.
Segundo o PED-DF, a maior presença relativa de pessoas negras no mercado de trabalho regional se dá pela urgência econômica de gerar renda. “A pressão relativamente maior exercida pela população negra em procura por ocupação somada à menor chance de sucesso vem resultando em maior incidência do desemprego para levante segmento da Força de Trabalho”, explica a pesquisa.
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O Boletim Anual – População Negra, elaborado pelo Instituto de Pesquisa e Estatística do Região Federalista (IPEDF) e pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), destaca as desigualdades enfrentadas por trabalhadores negros no Região Federalista em 2022 e 2023. A publicação analisa os índices de inatividade, desemprego e precariedade ocupacional, além de disparidades de renda entre negros e não negros, evidenciando o impacto estrutural do racismo no mercado de trabalho.
Produzido em menção ao Dia Pátrio da Consciência Negra – 20 de novembro –, o boletim apresenta dados sobre a inserção de negros no mercado de trabalho e procura subsidiar políticas públicas para reduzir as desigualdades raciais. Os resultados mostram que pretos e pardos continuam em desvantagem, com menor aproximação a empregos formais e salários mais baixos.
Diferença salarial
A pesquisa ainda mostra que pessoas não negras recebem 74,3% a mais que a população negra do DF. No último ano, os rendimentos médios reais de negros e não negros correspondiam a R$ 3.569 e R$ 6.221 respectivamente.
Em confrontação com 2022, os rendimentos dos negros subiram 1,4%, enquanto os dos não negros aumentaram 9,0%, ampliando a diferença salarial entre os dois grupos. Em 2022, os trabalhadores negros no Região Federalista recebiam, em média, 61,7% do que os não negros ganhavam, mas essa proporção caiu para 57,4% em 2023.
A pesquisa mostra que, historicamente, os trabalhadores negros recebem salários menores que os não negros, principalmente porque estão mais concentrados em empregos mais vulneráveis e com remunerações mais baixas. Entre 2022 e 2023, as mudanças nos rendimentos de ambos os grupos reduziram ainda mais a proporção do que os negros ganham em confrontação aos não negros.
As maiores quedas ocorreram no setor público, onde a proporção caiu de 81,6% para 76%, e no trabalho autônomo, de 74,6% para 70,6%. Já no setor privado, onde a diferença salarial já é maior, as reduções foram menores: no serviço sem carteira assinada, de 61,6% para 59,3%, e com carteira assinada, de 69,8% para 68,8%.
Ocupações
A pesquisa também detalha que o setor de atividade com maior participação da população negra é na construção, com 74,7%; transacção e reparação, com 66,5% de taxa de ocupação, além da indústria de transformação, com 64,4%. Por termo, serviços, no qual ocupou 58,4% dos postos de trabalho.
A estudo dos dados mostra que os trabalhadores negros enfrentam maior vulnerabilidade no mercado de trabalho do Região Federalista.
Conforme a PED, murado de 80% dos postos de trabalho no serviço doméstico eram ocupados por negros, um percentual muito superior à sua participação na ocupação totalidade (60,8%). Eles também estavam mais presentes no trabalho autônomo (66,8%) e no serviço no setor privado, tanto com carteira assinada (65,4%) quanto sem carteira (61,9%).
Por outro lado, a presença de trabalhadores negros era menor em posições de maior segurança ou prestígio, porquê empregadores (48,5%), no setor público (47,6%) e em outras categorias de ocupação (48,7%). Esses dados reforçam a desigualdade de oportunidades enfrentada por esse grupo, mostra o documento.
Nascente: BdF Região Federalista
Edição: Flávia Quirino