A cantora Claudia Leitte está sendo escopo de um questionário instaurado pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA) depois modificar a letra da música “Caranguejo”, substituindo a frase “saudando a rainha Iemanjá” por “só louvo o meu Rei Yeshua”, em referência a Jesus Cristo. A perfomance mais recente ocorreu durante um show em Salvador, no último sábado (14), e reacendeu críticas de ativistas de esquerda.
O caso foi levado ao MP-BA pela Iyalorixá Jaciara Ribeiro e pelo Instituto de Resguardo dos Direitos das Religiões Afro-Brasileiras (Idafro). A Promotoria de Justiça de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa decidiu investigar um suposto “ato de racismo religioso” alegando verosímil violação de bens culturais e direitos de comunidades de matriz africana.
A música, lançada em 2004 pela filarmónica Babado Novo, da qual Claudia era vocalista, já teve a letra alterada pela cantora em outras ocasiões. Durante o Carnaval deste ano, um vídeo velho com a modificação viralizou e também gerou críticas, sobretudo de ativistas de esquerda.
Especialistas consultados pelo Conexão Política afirmam que a mudança na letra, por se tratar de uma questão de mesada íntimo, não configura racismo religioso. Eles argumentam que a Constituição Federalista garante liberdade de crença, e a atitude de Claudia não envolveu oração de ódio, segregação cultural ou qualquer tipo de agressão.
Casos envolvendo religiões de matriz africana têm ganhado maior visibilidade nos últimos anos, com ações na Justiça frequentemente resultando em indenizações para as partes ofendidas. No entanto, conforme juristas, o concepção de racismo religioso não se aplica à mera modificação de uma música, desde que não haja desrespeito ou estigmatização. Claudia Leitte ainda não se pronunciou oficialmente sobre o questionário.