Na madrugada do último sábado (14), a artista Pedro Galiza, que é uma pessoa não-binária, viveu um dos episódios mais traumáticos de sua vida ao trespassar de uma sarau na rua Augusta, região médio de São Paulo. O que deveria ser somente uma corrida de aplicativo na volta para vivenda se transformou em momentos de terror, conforme relatou em entrevista à Diadorim. Pedro conta que o motorista, identificado uma vez que Ronaldo, além de cobrar um valor supra do estipulado pela plataforma, colocou sua vida em risco. A denúncia segue em investigação pela Polícia Social de São Paulo.
Segundo Pedro, a discussão começou porque o preço cobrado pela corrida teria sido superior ao valor informado pela plataforma. A negociação com o motorista escalou rapidamente para a violência. “Ele se recusou a admitir que eu pegasse o verba em vivenda e começou a me ameaçar. Disse que tinha uma arma e que, se eu não desse meu celular, ele iria me matar. Eu estava com tanto terror que não tive outra escolha. Desbloqueei meu celular, entreguei a ele e foi aí que o pesadelo só piorou”, relembra a vítima, que chegou a ser ameaçada de estupro.
De contrato com a artista, o motorista fingiu desacelerar para que ela pudesse trespassar do coche, mas logo que a jovem colocou os pés no pavimento, o varão acelerou propositalmente. “Eu caí e fui arrastada. Na hora, a adrenalina era tanta que nem percebi que tinha sincero a cabeça e machucado o corpo inteiro. Só quando cheguei no posto de gasolina, onde consegui ajuda, é que vi o galanteio profundo na minha cabeça”, conta.
Durante a entrevista, ela falou com dificuldade e reiterou a sisudez do impacto emocional e físico. “Minha boca está muito machucada, meu rosto todo esfolado. O motorista não me bateu diretamente, mas as consequências das ameaças e do que ele fez com o coche foram devastadoras. Eu já estava passando por processos difíceis, lutando contra a depressão, e agora isso. O que esse varão fez vai além do físico, ele destruiu a minha sensação de segurança, de humanidade”, diz.
A artista também se queixa de falta de informações por segmento da empresa de transporte, a 99. Ela conta que a 99 se negou a repassar os dados do motorista – alegando que só informaria à Polícia. “Eles [a 99] só me ofereceram o mínimo: um seguro para tapar os remédios, mas isso não é suficiente. O que eu vivi é muito maior do que o que eles estão dispostos a fazer”, afirma.
A resposta da 99 e a investigação policial
Em seguida o transgressão, Pedro abriu um boletim de ocorrência no 72º Província Policial e, desde portanto, espera que o motorista seja responsabilizado. O caso foi registrado uma vez que roubo, prenúncio e lesão corporal pela Polícia Social, que segue investigando o caso. Segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, a empresa será convocada a fornecer os dados do culpado para que ele seja intimado.
Em nota à reportagem, a 99 lamentou o ocorrido e informou que o motorista foi imediatamente bloqueado da plataforma. A empresa também se comprometeu a colaborar com as investigações policiais e ofereceu à vítima suporte para despesas médicas e psicológicas.
A artista, porém, planeja tomar medidas legais contra a empresa. “Vou processar a 99. Não é só pelos meus remédios, mas por toda a situação. É uma questão de justiça, para que outros não passem pelo que eu passei”, afirma.
Instabilidade
“Existem inúmeros relatos de pessoas que passaram por situações semelhantes. Precisamos falar sobre isso, conscientizar os usuários e cobrar das plataformas uma responsabilidade maior”, destaca Pedro.
Ela enfatiza a vulnerabilidade que tanto passageiros quanto motoristas enfrentam em aplicativos de transporte, muitas vezes sem qualquer suporte adequado. “Esse caso precisa servir uma vez que um alerta. A impunidade não pode continuar.”
A última Pesquisa Vernáculo de Segurança em Transporte por Aplicativos, que aborda a percepção de instabilidade entre os usuários de plataformas uma vez que Uber e 99, foi realizada em 2019. Ela revelou que 30% dos passageiros têm terror de suportar qualquer tipo de violência durante as corridas.
Outra pesquisa realizada pelo Núcleo de Políticas Sociais da Instalação Getúlio Vargas, em 2020, apontou que muro de 9% dos motoristas e passageiros de aplicativos relataram ter pretérito por situações de violência, uma vez que agressões, furtos e assaltos.
Em julho de 2023, o governo federalista e as plataformas Buser, Uber e 99 assinaram um protocolo de intenções para promover a proteção dos direitos da população LGBTQIA+. O documento estabelece os “10 Compromissos para a Proteção de Direitos das Pessoas LGBTQIA+ em Aplicativos de Mobilidade”.
Entre os compromissos assumidos estão a implementação de campanhas educativas, o aprimoramento de mecanismos de denúncia e a geração de protocolos de suporte a vítimas de LGBTfobia.
Edição: Nathallia Fonseca
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