A Polícia Federalista está investigando o lobista Andreson de Oliveira Gonçalves por suspeita de envolvimento na compra de decisões judiciais. Diálogos extraídos do celular do jurisconsulto Roberto Zampieri, assassinado em 2023, mostram o lobista tentando fingir proximidade com o ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federalista (STF). Apesar disso, o ministro afirmou que nunca teve qualquer contato com Gonçalves e classificou o uso de seu nome porquê “estelionato”.
Em nota, Nunes Marques repudiou o envolvimento de seu nome no caso. “Não conheci ou tive qualquer contato com os envolvidos. Trata-se de uma tentativa falsa de provar prestígio para enganar terceiros, um clássico caso de estelionato”, declarou o ministro. Ele também informou ter solicitado providências ao relator do caso no STF, ministro Cristiano Zanin.
Os diálogos analisados pelo UOL incluem mais de 9.000 mensagens trocadas entre Gonçalves e Zampieri. Os registros indicam que o lobista atuou nos bastidores de processos sob a relatoria de Nunes Marques no STF. Essas conversas são segmento de investigações conduzidas pelo Juízo Vernáculo de Justiça (CNJ) e pela Polícia Federalista.
A esposa de Gonçalves, Mirian Ribeiro Gonçalves, advogou formalmente em sete processos no STF depois que Nunes Marques assumiu a relatoria. Em todas essas ações, o ministro votou em prol dos clientes de Mirian. Esses processos foram movidos por desembargadores de Mato Grosso, que buscavam anular penalidades de aposentadoria compulsória aplicadas pelo CNJ por desvios de recursos do tribunal.
Os sete casos representam a maioria das ações de Mirian no STF nos últimos dez anos.
Mensagens recuperadas pela PF indicam que seu marido teve um papel ativo nos bastidores dessas ações. Apesar das evidências, o ministro Kassio Nunes não é investigado, e o material está sob estudo do procurador-geral da República, Paulo Gonet. As informações são do UOL.