Todas as mulheres encontram barreiras estruturais na sociedade que dificultam a sua plena participação na vida pública. Mas mesmo as que superam essas barreiras e conseguem ser eleitas, ainda precisam conviver com as violências políticas de gênero, que buscam cercear sua atuação política. Sobre o tema, a deputada estadual Rosa Amorim (PT) conversou com o Trilhas do Nordeste, programa semanal de entrevistas do Brasil de Indumento Pernambuco. Assista.
Na entrevista, a deputada nascida em Caruaru avalia que o Brasil só terá democracia plena “a partir da paridade de representação no poder político”. “Somos 52% da população, mas dentro dessa estrutura conservadora somos uma minoria, o que reflete a sociedade patriarcal e misógina, que tem ódio às mulheres ocupando esses espaços”, diz Rosa Amorim, Ela pontua que somente 12% das cadeiras da Tertúlia Legislativa de Pernambuco (Alepe) são ocupadas por mulheres, um índice ainda mais grave que o Congresso Pátrio.
A deputada avalia que os espaços políticos ainda hoje têm maioria de “homens sem cultura de conviver com as mulheres nos espaços políticos. Nós temos que fazer um esforço dobrado para reivindicar nosso espaço legítimo de pronunciação e saudação”, diz ela. Rosa Amorim cita a vereadora carioca Marielle Franco, assassinada em 2018, uma vez que “maior símbolo dessa luta” contra a violência política de gênero. “Marielle foi assassinada e nós não queremos que outras Marielles tenham esse término”, diz a petista.
A jovem também menciona uma vez que “oportunidade” o período de Lula (PT) na Presidência da República. “Temos um presidente comprometido com a luta das mulheres, que compreende a prestígio de ampliar a nossa participação. É uma oportunidade para darmos um salto nessa luta”, diz ela. “Por isso, neste ano eleitoral, temos que optar novas Marielles, as sementes deixadas por ela. Optar mais vereadoras e prefeitas, para que em 2026 elejamos mais deputadas estaduais, federais, senadoras e governadoras”, vislumbra.
A deputada petista ressalta que “a política foi feita para os homens” e que os avanços na participação feminina se deram pela luta das mulheres. “A nós é delegada a vida privada, dentro de morada, cuidando do marido e dos filhos. Mas isso tem mudado”, diz a jovem. Rosa destaca ainda o Partido dos Trabalhadores (PT) uma vez que organização política que, segundo ela, se preocupa com a ampliação da participação feminina e promove espaços auto-organizativos para o fortalecimento das mulheres. “Precisamos que isso se reflita em resultados eleitorais”, completa.
Mesmo depois eleita, Amorim – que também é lésbica – foi vítima de violências políticas direcionadas a mulheres. “Recebi ameaças de estupro corretivo. O responsável foi recluso em Olinda (PE) e cumpre pena em Minas Gerais, porque também ameaçou parlamentares mineiras. A denúncia é importante para punir esses agressores”, diz ela, que também aponta uma vez que violência de gênero as acusações feitas pelo também deputado estadual Alberto Feitosa (PL). “Ele usou de inverdades contra mim e o MST, acusações infundadas. Entramos com denúncia e o processamos por danos morais”, lembra Rosa.
O Trilhas do Nordeste, programa semanal de entrevistas do Brasil de Indumento Pernambuco, vai ao ar todas as segundas-feiras, às 19h45, na TVT São Paulo e nos canais da Rede TVT e do Brasil de Indumento Pernambuco no Youtube.
Natividade: BdF Pernambuco
Edição: Vinícius Sobreira
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