Movimentos sociais convocaram para esta terça-feira (17) um ato em resguardo da chuva uma vez que muito geral, dos direitos dos trabalhadores do setor e pela instauração de uma Percentagem Parlamentar de Sindicância (CPI) que investigue a privatização da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae).
Em meio a vaga de calor, a capital e secção da Baixada Fluminense foram afetados pela falta d’chuva nos últimos dias. A crise de desabastecimento se estendeu por mais de uma semana em alguns bairros. O coordenador do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Roberto Oliveira, reafirma que o objetivo do ato é denunciar o descaso das concessionárias com a população.
“Já há uma movimentação de prefeitos e municípios que entraram na privatização e querem retornar para a Cedae porque não aguentam mais o descaso das empresas privadas que só visam o lucro. Estamos nos dirigindo a Alerj para cobrar que os deputados que se preocupam com a população possam assumir uma postura de cobrança às empresas e o governador Claudio Castro que entregou a Cedae”, disse.
O ato pela chuva acontecerá nesta terça (17) na porta da Plenário Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), às 10h. O endereço é Rua da Ajuda, nº 5, meio do Rio. Estão avante da mobilização o MAB, Frente Brasil Popular e Povo Sem Susto, Sindicato dos Trabalhadores em Saneamento e Meio Envolvente do Rio de Janeiro (Sintsama-RJ), Rede de Vigilância Popular em Saneamento e Saúde e Mediano dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB).
Sem chuva
O desabastecimento iniciou com a realização da paragem técnica anual do Sistema Guandu, operado pela Cedae. No mesmo dia também houve um rompimento de uma adutora em Rocha Miranda que resultou na morte de uma idosa. Escolas e unidades de saúde estaduais e municipais tiveram o seu funcionamento interrompido pela escassez do serviço.
A crise instaurada no serviço de chuva e esgoto é resultado da incompetência das concessionárias privadas, defende o MAB em nota. Em 2024, ao menos 15 adutoras romperam na região metropolitana.
“Não temos dúvidas de que se todo esse investimento para privatizar tivesse sido realizado para melhorar a empresa pública, com participação popular nos termos da Companhia, em 4 anos já teríamos avanços importantes na universalização e na garantia dos direitos da população fluminense frente a uma questão tão médio, que é o recta a chuva e saneamento de qualidade”, diz o texto.
Reajuste supra da inflação
Diante de uma das piores crises de fornecimento, a conta de chuva ficou mais rostro. Isso porque a Escritório Reguladora de Vigor e Saneamento Imprescindível do Rio de Janeiro (Agenersa), órgão do governo do estado, autorizou um reajuste que vai tarar no bolso de moradores da capital e de vários municípios da Baixada Fluminense neste final de ano.
O menor índice foi de 9,83%, para os consumidores da Águas do Rio I, o que representa mais que o duplo da inflação medida pelo Índice Pátrio de Preços ao Consumidor Grande (IPCA), que foi de 4,87% nos últimos 12 meses. O maior percentual, de 14,28%, será pago pelos usuários da Rio+Saneamento, que atende principalmente a Baixada. As novas tarifas estão valendo desde 1º de dezembro.
O reajuste foi anunciado depois o governador Claudio Castro (PL) assinar um termo de conciliação com a concessionária Águas do Rio, no qual prevê aumentos na tarifa para gratificar possíveis erros no edital de licitação do serviço.
Em 2021, o serviço da Cedae foi outorgado a iniciativa privada por 35 anos. A privatização contou com o escora do governo federalista, na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A estatal fluminense foi fatiada em quatro blocos compostos, ao todo, por 35 municípios do Rio de Janeiro. A empresa pública manteve somente o serviço de produção de chuva.
Confira o aumento de concórdia com cada concessionária:
Águas do Rio I – 9,83%.
Atende bairros da zona sul do Rio e mais 19 municípios.
Iguá Rio – 11,49%.
Região da Barra e Jacarepaguá, na capital, além de Paty do Alferes e Miguel Pereira, no meio sul fluminense.
Águas do Rio IV – 12,77%.
Bairros do meio e zona setentrião do Rio, mais oito municípios da Baixada Fluminense.
Rio+Saneamento – 14,28%.
Distribui chuva para 24 bairros da zona oeste da capital, além de municípios da Baixada Fluminense e do interno do Rio.
Manancial: BdF Rio de Janeiro
Edição: Clívia Mesquita