“Precisamos de mais verba para ver se a gente cresce, para melhorar a catagem da rua, para tirar o lixo”, demanda o catador paraibano Francisco Antônio de Lima, um dos 800 milénio que compõem a categoria, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
“Por isso estamos cá, para ver se os governos municipais, estaduais, federalista nos ajudam”, explica, pouco depois de chegar na ExpoCatadores em São Paulo, o principal evento pátrio da prisão de reciclagem, que iniciou em São Paulo nesta quarta-feira (18) e segue até sexta (20).
Organizado pela Associação Vernáculo dos Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis (Ancat), o Movimento Vernáculo dos Catadores (MNCR) e a Unicatadores, o evento reúne representantes do governo federalista, de entidades públicas e iniciativa privada, além de muro de três milénio participantes, em sua maioria trabalhadores de cooperativas.
Enquanto não consegue sua aposentadoria, Francisco, aos 62 anos, puxa carroça na cidade de Santa Rita (PB). “Continuo indo para a rua, para suar e fazer muito ao meio envolvente. Porque acredito que faço muito até às formigas. Tiro uma garrafa, fica mais livre para elas passarem, para andarem que nem eu”, afirma.
Porquê Francisco, Maria das Dores, de 52 anos, é catadora da Cooperativa de Reciclagem de Marcos Moura (Cooremm). “Tenho um orgulho medonho do meu trabalho”, diz. “Mas é preciso esteio para cuidar do planeta. Lá a gente não está vendendo todo o material prensado não, porque não tem o maquinário manifesto para prensar tudo”.
“E está faltando uma esteira, que a gente separa tudo na mão, no solo”, descreve Maria, que trabalha com reciclagem há 16 anos. “Para isso suceder tinha que ter um galpão grande para caber a esteira, porque lá é apertadinho demais, a gente fica sem exigência. Mas, do lado, tem um terreno. Só falta verba”, salienta.
Eliane da Silva tem 60 anos e viajou de Flecheiras (AL) para São Paulo também com a expectativa de conseguir esteio para o seu trabalho. Começou juntando latinha e há cinco anos está no ramo da reciclagem, também com carroça.
“Eu consonância 4h30, por aí, pego e já vou para a rua com meu carrinho, vou catando reciclagem. Até de noite eu trabalho e cato com o maior prazer. A cabeça está doendo só porque eu não fui esses dias”, conta Silva.
“Está faltando a máquina de prensa, a esteira. E um transporte para tombar, né? Que nós não temos zero para tombar. Qualquer carruagem, alguma coisa, porque nós tombamos tudinho no carrinho. Aí fica difícil para a gente”, ressalta. “A prefeita doou o repositório para a gente. Só que a gente tem o repositório e a balança. E o resto mais zero, minha filha. A gente está lutando por isso”, afirma Eliane.
Anúncios de investimento
Márcio Macêdo, encarregado da Secretaria-geral da Presidência da República, esteve no evento representando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que, menos de uma semana em seguida uma cirurgia, rompeu a tradição de comparecer por orientação médica.
Na mesa de preâmbulo da ExpoCatadores, o ministro Macêdo afirmou que o Cataforte, programa do governo federalista voltado ao setor, conta com um aporte de R$ 122,8 milhões, com investimentos vindos de ministérios, da Instauração Banco do Brasil, do Banco Vernáculo de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Caixa Econômica Federalista.
Por meio de editais, as linhas de investimento de bancos e instalação selecionaram projetos e cooperativas nos quais devem injetar recursos voltados, entre outros, para assessoria técnica, compra de equipamentos e modernização da estrutura física.
“A Caixa disponibilizou R$ 25 milhões e foram selecionados 17 projetos. Os recursos estão em processo de descentralização. Serão R$ 5 milhões em dezembro e o restante em janeiro e fevereiro”, prometeu Macêdo.
“Instauração Banco do Brasil e BNDES são R$ 50 milhões. Destes, 35 projetos estão habilitados e os recursos serão disponibilizados ao longo do primeiro trimestre de 2025”, anunciou o encarregado de Secretaria-geral da presidência. Os projetos selecionados serão anunciados nesta quinta-feira (19).
Em uma reunião marcada para janeiro entre o presidente Lula e representantes da categoria de catadores, a expectativa é que o governo federalista anuncie um investimento de mais R$ 500 milhões no setor, por meio da Lei de Incentivo à Reciclagem.
“Conexão cidadã”
Durante a ExpoCatadores também foi anunciado o projecto piloto do Conexão Cidadã, um projeto da Ancat com a Instauração Banco do Brasil que vai principiar em Belém (PA), Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Curitiba (PR), Recife (PE) e Aracaju (SE).
São seis trailers itinerantes cujos atendimentos terão porquê público-alvo os catadores avulsos, ou seja, aqueles não organizados em cooperativas, e pessoas em situação de rua. As unidades móveis devem oferecer atendimento de saúde, oficinas formativas, encaminhamentos assistenciais, mutirões de regularização documental e jurídica.
“A teoria é que ali funcione porquê um espaço primeiro de visibilidade, protecção e registro social, convergindo com as políticas públicas e conectando também com as cooperativas e associações existentes”, pontua Kleytton Guimarães Morais, presidente da Instauração Banco do Brasil. A instituição injetou R$ 6,2 milhões no projeto.
“Um dos piores dramas da reciclagem são os atravessadores. É um trabalho penoso que se esvai, do ponto de vista de acúmulo e de associação de valor, porque tem um intermediário que tem aproximação à indústria e é esse que ganha, vamos expor assim, o valor associado”, problematiza Morais.
“Logo, o Conexão Cidadã visa fechar esse capítulo ao juntar essas pontas com o Estado, todos os entes federados, mas também com as catadoras e catadores organizados em cooperativa”, salienta Kleytton Morais.
*Essa material é uma parceria com a Instauração Banco do Brasil
Edição: Martina Medina