O Recife é a 16ª cidade mais vulnerável do mundo às mudanças climáticas, segundo o Quadro Brasiliano que trata do tema. E o problema não se limita à capital. Em Pernambuco, três em cada quatro municípios estão despreparados para fenômenos naturais, de convenção com estudo do Tribunal de Contas. A vulnerabilidade ao progresso do nível do mar e a falta de medidas de prevenção a alagamentos são exemplos do que coloca os municípios nessa lista de localidades em que a população está sob risco.
Na Região Metropolitana, o município do Paulista também recebeu atenção da Secretaria Vernáculo de Periferias, do Ministério das Cidades, ganhando a elaboração de um Projecto Municipal de Redução de Risco (PMRRs). O estudo é fruto de parceria entre a Secretaria das Periferias com o Serviço Geológico do Brasil. Os planos são uma política do Governo Federalista para contribuir com a adaptação das cidades diante das mudanças climáticas.
Para entender uma vez que têm funcionado esses planos, o Brasil de Traje Pernambuco conversou com Leornardo Varallo, coordenador-geral da equipe de elaboração dos PMRRs na Secretaria Vernáculo de Periferias. Confira:
Leonardo Varallo afirma que desde 2023 a Secretaria Vernáculo de Periferias vem elaborando PMRRs de 30 cidades brasileiras espalhadas pelas cinco regiões do país. “A seleção dos prioritários tem se fundamentado numa lista de municípios críticos a desastres construída ao longo de 2023 e coordenada pela Vivenda Social. E aí a gente vai adicionando novas camadas, fazendo recortes específicos dentro dessa lista até chegar a 1.942 municípios apontados uma vez que críticos. Fizemos uma depuração para chegar àqueles em que a situação é mais emergente”.
Questionado se os as quase 2 milénio cidades brasileiras que estão sob risco de desastres naturais terão seus PMRRs elaborados, Varallo explica que não. “Segmento desses municípios precisam de medidas, de políticas e ações que não precisam necessariamente de um projecto. Os PMRRs têm um foco maior em cidades com grandes periferias, com problemas de infraestrutura e ocupação, sem sua consolidação urbana concretizada”, diz ele.
Periferias sob risco
Quando o ponto é a mudança do padrão de chuvas e alamentos, o Núcleo Integrado de Gestão de Riscos e Desastres de Pernambuco (Cirgid-PE) apontou que, em 2020, o Recife teve um aumento de 30% no número de dias com chuvas intensas, comparado com a média histórica dos 10 anos anteriores. Em 2021, a cidade sofreu consideráveis alagamentos no meio e em bairros periféricos uma vez que o Ibura, Coelhos e Cavalcanti, com mais de 1.000 famílias afetadas, e várias áreas sendo evacuadas por risco de deslizamento.
Os riscos ambientais são agravados pela desigualdade social e econômica, sobretudo nas periferias. Dados do Relatório de Vulnerabilidade Climática da Região Metropolitana do Recife (2018) apontam que a cidade corre o risco de perder áreas de suas zonas litorâneas devido à elevação do nível do mar, problema que pode afetar a infraestrutura e as condições de vida de quem mora no litoral e até fomentar impactos significativos na economia lugar e no turismo da cidade.
Natividade: BdF Pernambuco
Edição: Vinícius Sobreira