Em homenagem aos 70 anos da Feira do Livro de Porto Contente, a Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul) promoveu, nesta quarta-feira (13), uma reunião-almoço no salão sublime do Palácio do Negócio.
O evento foi uma edição do tradicional Tá na Mesa e contou com a participação de seis escritores que foram patronos de edições anteriores da Feira do Livro: Alcy Cheuiche (2006), Antonio Hohlfedt (2007), Jane Tutikian (2011), Dilan Camargo (2015), Cíntia Moscovich (2016) e Marô Barbieri (2019), que abordaram o tema “O Papel da Cultura na Reconstrução do Rio Grande do Sul”. O evento teve a mediação do vice-presidente de Ensino da Federasul, Fernando de Paula.
Uma das pautas levantadas foi a resguardo da leitura no estado. O hábito vem caindo drasticamente no Rio Grande do Sul nos últimos anos. Pesquisa divulgada pelo IPO-RS no ano pretérito constatou que quase metade da população não lê mais e que o resultado está diretamente ligado à renda familiar.
“Já houve uma idade que o Rio Grande do Sul teve um índice de leitura incrível. Hoje está muito ruim. Todos os empresários industriais sabem da dificuldade de conseguir mão de obra qualificada. A gente pensa muito na formação técnica, mas se esquece da formação universal, humanística, cultural. Através do “Projeto Responsável Presente” nós criamos uma tradição de leitura no Rio Grande do Sul a partir das escolas. Só que depois que o cidadão sai da escola e vira trabalhador, não tem tempo de ler, por isso não tem tempo de se atualizar”, destacou Antônio Hohlfedt, jornalista, repórter e ex-patrono da Feira do Livro de Porto Contente, em sua fala no Tá na Mesa da Federasul.
Hohlfedt propôs à Federasul dar perenidade a esse projeto. “Quero propor que a indústria e o negócio invistam no trabalhador e na trabalhadora. Cada empresa poderia disponibilizar livros e convocar autores para conversar sobre eles com os trabalhadores. Isso não é um investimento cultural, é um investimento empresarial para qualificar a mão de obra do estado do Rio Grande do Sul.”
Segundo Hohlfedt não é necessário muito investimento, somente uma decisão política para dar uma viradela nos índices do Rio Grande do Sul. O presidente da Federasul, Rodrigo Sousa Costa, se manifestou favorável ao projeto do ex-patrono e ficou de agendar uma reunião para encaminhar a teoria na próxima semana.
“A gente tem há tempos trabalhado com a formação de plateias, espectadores, ouvintes, leitores, com a teoria que a sentença artística tem que formar também consumidores da cultura. Para reerguer o Rio Grande do Sul a gente tem que formar cidadãos, seres humanos com informação. Um ser humano formado através da leitura pode visitar vários mundos. Pode ser nutrido com teoria suficiente para ter discrição e estar no mundo de forma decente. A literatura salva o mundo! Eu tenho plena fé que a literatura salva o mundo, que a arte salva o mundo”, complementa Cintia Moscovich, jornalista, escritora e ex-patrona da feira.
70 anos de Feira do Livro
Os ex-patronos também compartilharam memórias marcantes de suas experiências porquê representantes da feira ao longo dos anos. “A perda dos livreiros com a enchente foi lastimoso. Mas a feira sempre passou por obstáculos terríveis, por vários sustos. Sempre falta quantia, sempre fica à risco de não trespassar. E a feira sempre se ergue. Um exemplo de porquê as coisas importantes se mantêm e devem continuar. A feira prestigia as várias vertentes de sentença”, lembrou Cintia Moscovich.
Neste ano, a Feira do Livro de Porto Contente ganhou um significado maior ao tornar verdade a edição dos seus 70 anos em seguida a Rossio da Alfândega, no Meio Histórico de Porto Contente, sítio da feira, ter ficado totalmente alagada pela enchente que ocorreu no mês de maio. Mais de 24 empresas entre livrarias, editoras, bibliotecas e distribuidoras tiveram prejuízos com a maior catástrofe climática do Rio Grande do Sul. Mas já nos primeiros 10 dias de feira haviam sido vendidos murado de 130 milénio livros. Número de vendas maior do que no mesmo período na edição passada.
“Dizem que o livro vai perfazer. Mas não vai perfazer. A Feira do Livro é a grande prova da resistência. Nós passamos pela pandemia, nós passamos pela enchente. Quem passou pela Rossio da Alfândega em seguida a enchente jurou que não haveria feira leste ano, mas a Feira do Livro está lá, superabundante porquê sempre. Por pura teimosia, a mesma teimosia que faz o repórter continuar escrevendo”, comenta Jane Tutikian, escritora e ex-patrona da feira.
Manadeira: BdF Rio Grande do Sul
Edição: Katia Marko