Presidente afirma que o país vive em “um regime muito repugnante”, mas com um “viés dominador”
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta 6ª feira (16.ago.2024) discordar com a nota de seu partido em que reconhecia a vitória do presidente Nicolás Maduro (Partido Socialista Unificado de Venezuela, esquerda), na eleição no país, considerada fraudulenta pela oposição.
“Eu não concordo com a nota, eu não penso igual a nota. Mas eu não sou da direção do PT. O problema da Venezuela será resolvido pela Venezuela”, declarou o petista em entrevista à Rádio Gaúcha, em Porto Contente (RS).
O PT reconheceu, na noite de 29 de julho, a vitória de Maduro. “É importante que o presidente, Nicolás Maduro, agora reeleito, continue o diálogo com a oposição, no sentido de superar por graves problemas da Venezuela, em grande medida danos por sanções ilegais”, diz a nota do partido do presidente Lula. Eis a íntegra (PDF – 2 MB).
Questionado sobre o regime em que o país vive, o petista afirmou que a Venezuela vive em um “regime muito repugnante”, mas não reconhece uma vez que uma ditadura.
“Eu acho que a Venezuela vive um regime muito repugnante. Eu não acho que é uma ditadura, é dissemelhante de uma ditadura. É um governo com viés dominador, mas não é uma ditadura uma vez que a gente conhece tantas ditaduras pelo mundo”, disse.
O presidente tornou a martelar a apresentação das atas para reconhecer o resultado das eleições. “A oposição tem que mostrar as atas para mostrar o resultado. Eles dizem que tiveram 60% dos votos, portanto mostrem. O Maduro diz que teve 61%, portanto mostre. Eu só posso reconhecer se foi democrático se eles botarem a prova que houve uma eleição e que fulano teve tantos votos”, declarou.
O presidente afirmou também que seu assessor Celso Amorim quase foi impedido de escoltar as eleições na Venezuela pelo governo de Maduro. Segundo ele, o Brasil afirmou que divulgaria o movimento para a prelo e, portanto, Amorim foi liberado.
Em entrevista na 5ª feira (15.ago) à Rádio T, Lula disse não reconhecer a vitória do venezuelano nas eleições. Para o petista, Maduro ainda deve uma “explicação para a sociedade brasileira e para o mundo”.
“Ainda não [reconheço]. Ele sabe que ele está devendo uma explicação para a sociedade brasileira e para o mundo. Ele sabe. Ontem eu tive uma reunião com o presidente da Colômbia, anteontem eu estive com a Colômbia e com o México, para ver se a gente encontra uma saída”, declarou.
Esta reportagem foi produzida pela estagiária de jornalismo Evellyn Paola sob a supervisão da editora Amanda Garcia.
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