O segundo vez da campanha para a Prefeitura de Fortaleza expôs, mais uma vez, o racha do Partido Democrático Trabalhista (PDT) no Ceará. Sem conseguir se reeleger, o prefeito José Sarto (PDT), que terminou a disputa em terceiro lugar, declarou neutralidade. Ao mesmo tempo, o presidente vernáculo do partido, André Figueiredo, mostrou seu base ao candidato Evandro Leitão (PT). O mesmo fez a secretária municipal de ensino, Dalila Saldanha (PDT), que não conseguiu votos suficientes para assumir uma cadeira na Câmara Municipal, mas se manteve à esquerda do pleito, apoiando o Partido dos Trabalhadores.
Em contrapartida, boa segmento da bancada de vereadores do PDT, incluindo o presidente da Câmara, Gardel Rolim, apoia o candidato bolsonarista, André Fernandes (PL), no segundo vez das eleições.
Outro base ao bolsonarismo foi do ex-prefeito Roberto Cláudio (PDT). Depois de duas gestões avaliadas porquê excelentes na prefeitura da cidade, o médico sanitarista declarou voto no afilhado político de Bolsonaro, indo de encontro a toda sua trajetória política.
Em 2022, PT e PDT racharam a coligação histórica. De um lado, o grupo político liderado por Ciro Gomes escolheu Roberto Cláudio para a disputa ao governo do Ceará, em detrimento da portanto governadora Izolda Quartinho, que era do PDT. Sem consenso em torno do nome de Roberto Cláudio, o grupo liderado pelo ministro Camilo Santana e pelo senador Cid Gomes escolheu Elmano de Freitas (PT) para o embate. Elmano venceu no primeiro vez e é o atual governador do estado.
Na lista de políticos que apoiam o bolsonarismo, figuram ainda personagens porquê o senador Eduardo Girão (Podemos) e o deputado federalista Capitão Wagner (União Brasil), que perdeu pela quarta vez consecutiva e terminou o primeiro vez das eleições em quarto lugar, com exclusivamente 11% dos votos. Alianças que têm gerado críticas e levantado questões sobre a conformidade das candidaturas.
“São pensamentos, ideologias políticas divergentes, são lados políticos opostos que agora se abraçam. O candidato do PL se apresenta porquê renovação, a novidade política, pelo trajo de ser jovem, se alia a eles para romper um pouco a preponderância política que vem tendo no nosso estado, que é um pouco mais ligado à centro-esquerda”, avalia a investigador social Bruna Fortaleza Branco, doutora em Notícia pela Universidade Federalista do Ceará (UFC).
Por outro lado, o base dessas figuras, que até recentemente eram fortes opositoras ao bolsonarismo, pode provocar confusão ao eleitorado da capital e trazer suspicácia das reais intenções por trás dessas alianças. O base de Roberto Cláudio, por exemplo, nome poderoso do PDT, é uma incoerência política, já que a legenda, historicamente, se opõe às pautas de extrema-direita e aos valores defendidos por figuras porquê Bolsonaro e seus aliados, incluindo Fernandes. Dentro do próprio PDT, a decisão de Roberto Cláudio causou desconforto e alimenta debates sobre a conformidade política e as estratégias eleitorais no Brasil.
“Essas alianças inesperadas podem refletir em uma certa confusão por segmento do eleitorado. Não se sabe até que ponto é bom para eles individualmente ou enquanto partidos, porque gera uma certa suspicácia, uma certa instabilidade, uma confusão por segmento do eleitorado com relação ao seu lado, à sua posição, à sua ideologia, ao seu pensamento dentro do cenário político da nossa capital” ressalta Bruna.
Ela pontua, ainda, que o base de Capitão Wagner levanta dúvidas sobre o compromisso de André com a firmeza e o diálogo democrático, já que Wagner, além de ter atacado o candidato do PL durante todo o primeiro vez, é uma figura ligada aos motins de policiais militares no Ceará, que resultou na greve dos PMs no Ceará em 2020.
Nascente: BdF Ceará
Edição: Francisco Barbosa
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