A Secretaria de Segurança Pública (SSP) do Estado de São Paulo afastou oito policiais militares por suspeita de envolvimento com a morte do delator Vinícius Lopes Gritzbach, assassinado no Aeroporto Internacional de Guarulhos na última sexta-feira (8).
Um questionário policial militar instaurado pela Corregedoria da Polícia Militar apura o envolvimento dos policiais na escolta ilícito de Gritzbach. Segundo a SSP, a atividade fere o regulamento disciplinar da polícia.
Gritzbach, que era réu pelo homicídio de duas pessoas ligadas ao grupo criminoso Primeiro Comando da Capital (PCC), tinha policiais militares em sua equipe de segurança. No dia do homicídio, secção desses seguranças atrasou e não foi até o aeroporto.
O documento, confirmando o retraimento dos militares, foi assinado pelo coronel da PM Fábio Sérgio do Amaral, encarregado da Corregedoria da instituição.
Os celulares dos policiais que estavam com o delator no dia do violação foram apreendidos.
Vinícius Lopes Gritzbach fez um concordância de delação com o Ministério Público do Estado de São Paulo em março de 2024. O teor da delação é sigiloso, mas, no último mês de outubro, o MP encaminhou à Corregedoria da Polícia trechos do documento, em que o delator denuncia policiais civis por roubo. Em 31 de outubro, ele foi ouvido na Corregedoria, oito dias antes de ser morto.
Nesta segunda-feira (11), em entrevista coletiva, o secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, disse que a investigação do homicídio de Gritzbach não descarta a participação de policiais.
“A gente não descarta essa possibilidade [de ter policiais entre os atiradores que mataram Gritzbach]. O mais importante de falar é isso: a gente não descarta nenhuma possibilidade, na verdade. Até porque ele delatou policiais civis na própria Corregedoria da Polícia Social, que foi um desdobramento da delação dele no Ministério Público”, disse.
Derrite afirmou ainda que a investigação não tem, até o momento, nenhum vestígio de que policiais tenham participado da ação no aeroporto, mas ressalvou que “alguns fatos chamam a atenção”.
“A gente não tem nenhum vestígio, por ora, da participação [de policiais] ali na realização. Tem alguns fatos que chamam a atenção, que é o vestuário de os policiais da escolta [ilegal] terem moroso, justamente no dia, mas todas essas peças do quebra-cabeça vão se fechando ao longo da investigação”, disse.
A ação dos atiradores no aeroporto deixou, até o momento, duas pessoas mortas: Gritzbach e um motorista de aplicativo que estava trabalhando no aeroporto.