Rappin Hood pretende lançar em breve o terceiro volume de Sujeito Varão em formato de disco duplo. Os dois primeiros são um marco em seus mais de 30 anos de curso.
“Esses álbuns, para mim, foram porquê estudos. O primeiro foi uma pesquisa inicial com mistura dos ritmos brasileiros. Já o segundo foi um mergulho maior no samba. O terceiro vai em outros ritmos, porquê o reggae”, conta o artista em entrevista a CartaCapital.
Ele soltou recentemente uma música que integra o terceiro volume. Trata-se de uma versão da cantiga de protesto Pra Não Expressar que Não Falei de Flores, de Geraldo Vandré, lançada em 1968, no auge da ditadura militar.
“Essa música traz bons momentos que vivi cantando outra de Vandré, Disparada, com nosso rabi Jairzão (Rodrigues). Desde que gravei Disparada com Jair (no volume 2 de Sujeito Varão), tinha em mente fazer Pra Não Expressar que Não Falei de Flores.”
Hood considera uma honra ter recebido de Vandré a autorização para gravar a música de protesto. “Reflito muito toda vez que olho a obra de Vandré. Tanto tempo já se passou e parece que nosso País não avançou na velocidade em que o tempo se foi.”
O single mistura batidas do rap e do reggae Nyabinghi. O lançamento é do selo Estelita e a produção é de Thiago Barromeo. Geraldo Vandré faz uma breve introdução com uma saudação a Hood.
O rapper avalia que a militância já não se faz tão presente na música brasileira.
“Com tudo o que se viveu nos últimos anos, foram poucas as músicas militantes lançadas. Pouco se dialogou em termos de música com esses temas”, ressalta. “Acho importante o rap continuar sendo militante, fazendo treino da cidadania. É alguma coisa que busco ainda na minha obra.”
“A minha geração no rap e no hip hop fez muito uso da vocábulo para resistir, porquê Racionais MCs, Thaíde e DJ Hum, 509-E, RZO, DMN, Potencial 3, Posse Mente Zulu, SNJ, SP Funk. É importante não olvidar isso.”
Assista à entrevista de Rappin Hood a CartaCapital:
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