Víveres, itens de higiene pessoal, peças de vestuário e até eletrônicos compõem as prateleiras da “Loja do Recluso”, fundada há mais de seis anos pelo empresário Péricles Ribeiro, de 44 anos, em Belo Horizonte. A estrutura é a mesma de um arrecadação de bairro, mas sem o letreiro na frontispício, para manter a discrição dos fregueses, e com catálogo restrito ao que pode ou não entrar em cada penitenciária de Minas Gerais.
Em seguida passar 83 dias detrás das grades em 2016, o mercante, que penou com o preconceito para conseguir um novo ofício, driblou o cenário opoente com a solução para um problema enfrentado por ele na calabouço: a dificuldade dos familiares de seguirem à risca as determinações sobre os produtos levados para os presos. Isso faz com que muitos deixem para trás boa secção do que levam.
— Quando minha esposa foi me visitar, muitas coisas que ela levou não entraram. Depois, meu sobrinho foi recluso e eu senti a mesma dificuldade. As exigências mudam de uma unidade para a outra, não é fácil — conta Péricles.
Publicidade
Reconhecido o gargalo, ele criou a loja voltada exclusivamente para as populações carcerárias do estado. Porquê secção da estratégia para atrair o seu público-alvo, decidiu estabelecer o negócio muito próximo a um Fórum e a uma sede da Defensoria Pública na capital mineira.
O sege encarregado são os kits montados e despachados a pedido das famílias, que, por não possuírem número mínimo de itens, podem variar no preço. Péricles afirma que vende entre 450 e 500 unidades das cestas por mês. O sucesso do empreendimento, segundo ele, fez com que surgisse até mesmo a possibilidade de franquear o padrão de negócio.
— Já temos pessoas de São Paulo, Rio de Janeiro e Santa Catarina interessadas. Acredito que em breve teremos novas unidades pelo Brasil — revela.
Outro trabalho generalidade para ele, no dia a dia da loja, é o de “transcrever” os pedidos dos presos. O rádio-relógio é papagaio, o cortador de unha é quebra-gelo, lâmina de barbear é trator e cueca labareda coruja. Tudo isso faz secção do seu estoque, e comumente está na lista de pedidos que os detentos enviam para as famílias.
— Ajudo a interpretar as cartas com o que aprendi enquanto estava recluso — diz.
Ele também confecciona e comercializa uniformes prisionais para unidades que permitem a ingresso das peças. A venda de cigarros também impulsionava a lojinha, mas caiu com a proibição. Hoje, a pedida por provisões figura no topo.
Além do inusitado de ter uma loja voltada exclusivamente para presos, Péricles aposta em vídeos muito humorados nas redes sociais uma vez que forma de divulgação do negócio. Um deles conta com mais de 700 milénio visualizações.
— Tapume de 70% das nossas vendas são por WhatsApp. Eles mandam a lista e despachamos no correio. Muitos preferem não serem vistos, por isso não temos nem placa na porta da loja. Queremos preservar o cliente — pontua.