O empresário Antônio Vinicius Lopes Gritzbach, assassinado a tiros ao transpor do Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP) em 8 de novembro, denunciou agentes de duas delegacias e dois departamentos de polícia de São Paulo. Em abril, Gritzbach assinou uma proposta de concórdia de delação premiada com o Ministério Público de São Paulo para entregar integrantes da partido criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) por lavagem de quantia, além de policiais civis.
Em sua denúncia, o empresário acusa agentes ligados ao Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), ao 24º Região Policial (Ermelino Matarazzo) e ao 30º DP (Tatuapé).
Ainda segundo a delação, o 30º e o 24º DP teriam se envolvido no caso depois a equipe de um província ser transferida para outra delegacia, levando consigo os esquemas criminosos. Os promotores do caso apontam que as condutas dos policiais podem configurar os crimes de concussão (roubo cometida por agentes públicos), depravação passiva e associação criminosa.
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Gritzbach trabalhava porquê corretor de imóveis no Tatuapé, zona leste de São Paulo. Anos detrás ele passou a fazer negócios com Rosto Preta, já que movimentava milhões de reais comprando e vendendo droga e armas para o PCC.
Rosto Preta investia o quantia do violação em imóveis, mas tinha um problema: não podia comprar em seu nome, pra não invocar a atenção das autoridades. Foi Gritzbach que apareceu com a solução. Além de conseguir imóveis de supino padrão, o corretor ainda providenciava os “laranjas”, que emprestavam o nome para que Santa Fausta adquirisse os imóveis.
Há cinco anos, Gritzbach ofereceu outro negócio a Santa Fausta: criptomoedas. De olho na suposta rentabilidade da emprego, Santa Fausta teria oferecido R$ 200 milhões para o empresário investir. Até que, em 2021, Santa Fausta queria secção do quantia para investir na construção de um prédio e Vinícius teria começado a dar desculpas para não entregar os valores. Os dois tiveram uma discussão feia, segundo testemunhas.
Delação de homicídio e ramal de R$ 10 milhões
Dias depois, Rosto Preta e o motorista dele, Antônio Corona Neto, o Sem Sangue, foram assassinados numa emboscada no Tatuapé. Segundo o MP, Gritzbach foi o mandante do violação. Ele teria mandado matar o criminoso para não ter de restituir o quantia.
O empresário negava o envolvimento nos homicídios, mas havia recepcionado que ajudava a partido a lavar quantia com a compra de imóveis. Ele chegou a ser denunciado pelo MPSP pelos assassinatos e aguardava o julgamento em liberdade.
Em entrevista à Record, em fevereiro — sete meses depois deixar a masmorra —, o empresário abriu as portas de seu imóvel em São Paulo. Vigiado por câmeras e com proteção 24 horas, o apartamento de luxo é estimado entre R$ 10 milhões e R$ 12 milhões, porquê informou o próprio Gritzbach durante a reportagem. Ainda segundo a vítima, seu patrimônio seria estimado em R$ 18 milhões a R$ 19 milhões.
Sequestro e lavagem de quantia no futebol
Por conta da dívida, Gritzbach relatou ter ficado em poder da partido por 9 horas durante um “tribunal do violação”, em testemunho prestado às autoridades. Ele foi liberado sob a promessa de que iria reaver o montante, mas acabou recluso e decidiu racontar o que sabia.
Na delação, Gritzbach acusou também dirigentes ligados a empresas que agenciam jogadores de futebol de terem lavado quantia do PCC. Um dos envolvidos é Danilo Lima de Oliveira, o Tripa, da Lion Soccer Sports.
Tripa seria um dos presentes no sequestro de Gritzbach, no qual o delator relatou ter sido torturado. Segundo Gritzbach, ele era o mais violento entre os sequestradores. Tripa teria mandado o corretor vincular a familiares para se despedir e ameaçou esquartejar a vítima. A empresa da qual Danilo Oliveria é sócio agencia jogadores da Série A do Campeonato Brasílio.
Em março deste ano, Gritzbach firmou um concórdia de delação premiada com o Ministério Público de São Paulo (MPSP), em que revelou supostos esquemas do PCC com o futebol e o mercado imobiliário, e denunciou esquemas de roubo envolvendo policiais civis do estado.
Oferta de R$ 3 milhões pela morte do empresário
O empresário também teria entregue ao MP um áudio com uma conversa entre dois interlocutores negociando a sua morte por R$ 3 milhões. As informações são do UOL.
A gravação foi feita pelo próprio empresário em seu escritório e entregue aos promotores do Grupo de Atuação Peculiar e Combate ao Violação Organizado (Gaeco) depois a homologação, em abril deste ano, do concórdia de delação premiada entre Gritzbach e o MPSP.
Empresário recebeu R$ 1 milhão em joias antes de morrer
O empresário era jurado de morte pelo PCC, mas a polícia ainda não esclareceu se de vestimenta a partido está envolvida no violação. De concórdia com o governador do estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas, “tudo indica que a ação criminosa está associada ao violação organizado”. Também ainda não há pistas sobre quem mandou e quem executou o violação.
Os investigadores também acreditam que Gritzbach já vinha sendo monitorado desde a saída de Goiás, pois os assassinos sabiam o horário em que ele desembarcaria. A suspeita é que os matadores foram avisados do momento do desembarque para que o ataque fosse executado no momento em que ele pisasse para fora do saguão do aeroporto.
Os atiradores fugiram do lugar em um Gol preto. O coche foi posposto nas imediações do aeroporto e acabou renovado pouco depois por equipes do 3º Batalhão de Polícia de Choque, na Avenida Otávio Braga de Mesquita, ainda em Guarulhos.