Em meio a uma grave crise no Haiti, o governo interino do país encontra-se imerso num lesma crescente de disputas internas pelo controle da gestão. A tensão política se agravou na segunda-feira (11), quando a maioria do Parecer Presidencial de Transição (CPT) decidiu destituir o primeiro-ministro interino Garry Conille e nomear uma vez que seu substituto ao empresário Alix Didier Fils-Aimé.
A decisão foi denunciada por Conille uma vez que uma medida “tomada fora de qualquer estrutura permitido e constitucional”, o que levanta “sérias dúvidas sobre sua legitimidade e suas repercussões sobre o porvir do país”. Afirmando que o Parecer Presidencial de Transição tem o poder de nomear o primeiro-ministro, mas não de demiti-lo.
No entanto, as alegações de Conille não conseguiram provocar um impacto internacional. Numa coletiva de prelo, o porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric, evitou comentar sobre a destituição e exortou os atores políticos do Haiti a “superar suas diferenças” e “trabalhar juntos”, expressando preocupação com as possíveis repercussões sobre o financiamento da Missão Multinacional de Escora à Segurança (MSS).
“À luz dos recentes acontecimentos, o Secretário-Universal conclama todos os atores haitianos a trabalharem juntos de forma construtiva para promover a transição política”, declarou. Afirmou que é importante “prometer que (a Missão) receba o base financeiro de que necessita para executar com sucesso seu procuração e para expandir a implantação e as operações”.
O Parecer Presidencial de Transição é um órgão colegiado que exerce os poderes do presidente. Posteriormente extensas negociações entre diferentes setores políticos do Haiti, junto com a Comunidade do Caribe, os Estados Unidos, o Canadá e a França, o CTP foi estabelecido em abril, em seguida as pressões para a repúdio do impopular primeiro-ministro Ariel Henry.
É formado por nove pessoas, sete com recta a voto e dois observadores, todos representando diferentes setores políticos do Haiti. Sua função é organizar e prometer as próximas eleições do país para seleccionar um presidente e um parlamento para assumir o função em fevereiro de 2026. A última vez que foram realizadas eleições presidenciais foi em 2016.
Também é formalmente o órgão (juntamente com o primeiro-ministro interino) responsável pela polêmica Missão Multinacional de Escora à Segurança (MSS), um destacamento de forças policiais liderado pelo Quênia, no país desde junho.
Crise no governo
A exoneração de Conille ocorre depois que o primeiro-ministro interino deixou evadir o pedido de repúdio de três membros do CPT (Gérald Gilles, Emmanuel Vertilaire e Smith Augustin) que, em agosto, se envolveram num escândalo de prevaricação.
Na ocasião, o presidente do Banco Vernáculo de Crédito, Raoul Pascal Pierre-Louis, alegou que esses três membros da CPT haviam exigido dele a quantia exorbitante de US$ 758 milénio (R$ 4,3 bi) para prometer sua perpetuidade no função.
Em resposta às graves acusações, no início de outubro, a unidade anticorrupção do Haiti (ULCC), um órgão solene, emitiu relatório que aconselhava a exórdio de processos judiciais contra os três membros da CPT. Essa situação aumentou a pressão sobre a CPT para substituir os representantes, mas devido à natureza sem precedentes do juízo de transição, criado fora da estrutura constitucional e sem eleições, o órgão interino permaneceu em funcionamento.
Apesar da crescente impopularidade do CPT entre a população haitiana e das afirmações de que a exoneração de Conille teria sido proibido, o empresário Fils-Aimé tomou posse uma vez que primeiro-ministro interino nesta segunda-feira.
Durante seu exposição de posse para o novo primeiro-ministro, o atual CPT, Leslie Voltaire, elogiou a “coragem e regra” de Garry Conille, ao mesmo tempo em que o denunciou uma vez que segmento das “lutas políticas estéreis”, que qualificou uma vez que “luta de clãs”. “Já chegou a hora de o Haiti pensar e fazer política de forma dissemelhante”, afirmou. Ao mesmo tempo, Fils-Aimé disse que trabalharia para harmonizar os dois poderes do executivo.
Alix Didier Fils-Aimé é uma das figuras mais fortes do empresariado haitiano. Formado pela Universidade de Boston, ele atuou uma vez que presidente da Câmara de Transacção e Indústria do país e, em 2016, concorreu sem sucesso ao Senado.
Quando em maio deste ano a CPT tinha que seleccionar o primeiro-ministro do atual governo de transição, o nome de Alix Didier Fils-Aimé já circulava uma vez que provável candidato. No entanto, naquela ocasião, Conille, um funcionário de longa data da ONU, conseguiu prevalecer uma vez que primeiro-ministro interino, função que ocupou por unicamente seis meses.
A mudança de primeiro-ministro inaugura um novo período de incerteza sobre o porvir político da pátria caribenha, que se encontra em meio a uma grave crise humanitária. De tratado com o último relatório da ONU, entre janeiro e junho de 2024, o país sofreu mais de 3.600 homicídios e 1.100 sequestros. Enquanto isso, de tratado com a Organização Internacional para as Migrações (OIM), a violência forçou mais de 700 milénio pessoas – metade delas crianças – a fugir de suas casas.
Edição: Rodrigo Durão Coelho