Equipes de futebol compostas por camponeses e camponesas participaram no último término de semana para os jogos da final da região setentrião da 1ª Despensa da Reforma Agrária do Paraná. O campeonato reúne atletas de diversas comunidades rurais do estado.
Times de outras partes do estado já realizaram as respectivas etapas de jogos e tempo estadual que vai juntar todos os grupos está prevista para o ano que vem. No sábado (9) e no domingo (10), as partidas aconteceram no assentamento Dorcelina Folador, localizado em Arapongas.
O ex-jogador Raí, vencedor da Despensa do Mundo de 1994, prestigiou o evento. Ele conheceu a comunidade sítio e visitou a Cooperativa de Comercialização e Reforma Agrária União Camponesa. Raí também participou de um dos jogos do campeonato.
Em oração para a comunidade, ele celebrou a juventude do Movimento dos Trabalhadores sem Terreno (MST) e se emocionou depois uma homenagem que também incluiu a memória do irmão, Sócrates.
“Vocês falaram da minha trajetória, do meu espeque e minha crença nesse movimento do MST e do orgulho que vocês têm da nossa família, eu e o doutor Sócrates e o que representamos pelo esporte, pelo futebol e pelo país. Eu queria expressar que o mesmo orgulho que vocês têm da história do Sócrates, nós temos desse grande movimento.”
Diego Moreira, da Direção Vernáculo do MST destacou o caráter de coletividade na geração, organização e produção do evento. Ele ressaltou que a realização da despensa representa um momento histórico para o movimento, fundamentado na confraternização, na união e no compartilhamento de valores.
“Cada um que ajudou a organizar – desde quem pintou as linhas do nosso campo, preparou a sustento, encheu a esfera, jogou o bom futebol, sem pugna, sem confusão, com saudação e com os valores defendidos pela nossa organização – estão todos e todas de parabéns. Quem ganha hoje, mais uma vez, é a democracia, é o MST e a reforma agrária.”
Um dos destaques da competição foi Poliana Helena de Oliveira, capitã do time feminino vencedor, do acampamento Maila Sabrina. Ela destacou a relevância da garantia de participação das mulheres no torneio.
“Tenho orgulho de ser MST e participar dessa primeira Despensa da Reforma Agrária. Isso é um sonho para nós mulheres mostrarmos a nossa face. Que continue e o MST proporciona mais. Estamos juntos para a estadual, lutando pela reforma agrária popular”, celebrou.
A cerimônia de premiação foi realizada com um ato político, marcando o fecho do evento esportivo. O campeonato se inspira na experiência do MST no Ceará, que já realizou três edições da Despensa. O evento procura fortalecer a integração entre as comunidades rurais e amplificar a luta pela terreno.
Edição: Thalita Pires