O Parecer Estadual de Política Cultura do Ceará (CEPC-CE) – órgão colegiado, de caráter normativo, deliberativo, fiscalizador e consultivo, que integra Sistema Estadual de Cultura – realizou entre julho e agosto deste ano, o processo de eleição de 34 assentos, compostos por representantes da Sociedade Social. Ao todo, para o biênio de 2024 a 2026, são 58 assentos.
A novidade na disputa eleitoral do CEPC foi a inserção da categoria de sujeitos sociais do campo, águas e florestas, que agora tem uma vez que titular e suplente, Alciene dos Santos Lima e Vivaldo Witchoff, respectivamente. Alciene afirma que a inserção da categoria já vinha sendo pensada há qualquer tempo. “Dessa forma conseguimos acessar as políticas de cultura, os fomentos, e em todo esse processo de participação e aproximação a esses editais, vimos a urgência real para que esses sujeitos e sujeitas estejam representados no Parecer Estadual de Cultura”, aponta.
Militante do Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terreno (MST), a representante titular é também artista, coordenadora do grupo “Mulheres Guerreiras” e do grupo de jovens do Assentamento Roseli Nunes, em Santa Quitéria, integrante do grupo junino “Pula Fogueira” do Assentamento Piabas, também em Santa Quitéria, além de membro do Coletivo Estadual de Cultura do MST.
A novidade titular ressalta ainda a valia do MST em disputar os espaços institucionais uma vez que o CEPC, e destaca que o movimento é inteligente e produtor de cultura desde a sua núcleo. “O MST se sente secção da construção de culturas já existentes no campo, nas florestas e nas águas. Uma vez que disse uma companheira nossa, a cultura segue viva e resistente em todos os territórios e maretórios. E disputar esses espaços é mais que uma disputa, é a construção de representatividade desses povos nos espaços institucionais”. Alciene destaca também que a garantia do assento no recomendação é uma vitória muito grande para o povo do campo, das águas e das florestas, pois representa uma conquista para o projeto de transformação da sociedade, e reafirma ser o povo pensando e fazendo para o povo.
Assim uma vez que a titular, a suplência da categoria também é ocupada por um militante do MST. Fruto de assentados da Reforma Agrária no Assentamento Novo Horizonte (Tururu), Vivaldo é licenciado em Ciências Biológicas na Universidade Estadual do Ceará pela Faculdade de Ensino de Itapipoca (UECE/FACEDI), com pós-graduação em Gestão e Coordenação Pedagógica e em Ensino do Campo. O jovem é também articulador cultural, fundador da quadrilha junina Luar do Sertão de Tururu e integrante de diversos coletivos culturais de seu assentamento. Outrossim, já atuava uma vez que membro do Parecer Municipal de Cultura de Tururu.
Vivaldo assegura que para o MST, movimento vernáculo com 40 anos de existência o qual reconhece a valia da cultura na construção da sociedade, conseguir asseverar no Ceará um assento no CEPC para pensar as políticas públicas estaduais é de extrema valia, principalmente pela urgência de ter uma representatividade no espaço de construção de direcionamentos políticos da cultura estadual. “Fazer cultura em nossos territórios, sempre fizemos! Agora com muita mobilização dos coletivos de cultura acompanhados pelo MST e coletivos amigos espalhados por todas as regiões do Ceará. Foi um grande vitória prometer o assento e simbolizar tantos coletivos camponeses e de fazedores de cultura”.
Com a posse no recomendação estadual, Alciene e Vivaldo agora se preparam para encarar a construção de políticas de cultura que representem os povos do campo, das águas e das florestas. Questionado pelo BdF Ceará sobre os próximos passos, o suplente afirma que a mobilização cultural não deve parar em seus territórios.
“Agora, nosso repto é pautar e problematizar a disparidade de projetos apoiados e recursos direcionados para o campo em confrontação com os da cidade, e apresentar as demandas dos povos do campo”, revela. Vivaldo enfatiza ainda que a representatividade carregada por ele e Alciene vão além dos assentamentos e acampamentos da reforma agrária, e que ambos possuem uma vez que horizonte a organização de agentes individuais e coletivos em seus espaços de cultura.
O CEPC integra o Sistema Estadual de Cultura, se destacando uma vez que o espaço de contínua mobilização e diálogo que envolve, além de nomes da sociedade social, diferentes agentes que atuam no setor público. A sociedade é representada por dois terços da elaboração do Parecer, sendo 34 assentos eleitos de forma direta, por meio do Planta Cultural do Ceará, e cinco instituições convidadas.
Nascente: BdF Ceará
Edição: Lívio Pereira
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