Opositor venezuelano disse reconhecer valor da cobrança de antigos aliados do chavismo por transparência eleitoral
Leopoldo López (Voluntad Popular, centro-esquerda), um dos líderes da oposição a Nicolás Maduro (Partido Socialista Unificado da Venezuela), pediu que o presidente brasílio Luiz Inácio Lula da Silva (PT) seja “harmónico” na resguardo da democracia venezuelana.
Em entrevista ao jornal O Mundo, ele relembrou a fala de Lula de que ficou “assustado” com as declarações de Maduro de que o país poderia ter um “banho de sangue” e uma “guerra social” caso ele fosse derrotado. Disse que, agora, não se trata mais de ameaças, “mas da veras”.
“O que nós esperamos é que Lula seja harmónico com o que ele mesmo declarou dias antes da eleição, quando Maduro ameaçou com um banho de sangue e uma guerra social [caso fosse derrotado]“, afirmou López. Disse imaginar que o presidente brasílio, agora, “esteja sentindo ainda mais pânico, porque já não se trata de ameaças, mas da veras. São mais de 2.000 presos, torturados, desaparecidos e mais de 20.000 mortos nos últimos dias”.
Sem negociação
O opositor também declarou que não há possibilidade de solução negociada do impasse eleitoral do país –porquê pedem os governos de Brasil, Colômbia e México– sem que seja reconhecida a vitória de Edmundo González (Plataforma Unitária Democrática, centro-direita).
López afirmou que o prazo para ser realizada uma transição democrática na Venezuela é 10 de janeiro de 2025, quando a Constituição estabelece a posse do presidente eleito. Segundo ele, “ficou simples” que “os venezuelanos saíram às ruas para votar em 28 de julho e houve uma sintoma maciça [em votos] em prol de Edmundo González Urrutia”.
“Levante é o fator mais rudimentar e concreto de uma democracia –que as pessoas expressem a vontade popular, que na Venezuela foi expressa no último dia 28 de forma clara, contundente, massiva, legítima e constitucional. Ao todo, 70% dos venezuelanos votaram por González”, declarou.
Maduro não apresentará atas
Para ele, Maduro não poderá apresentar as atas eleitorais, “porque o resultado apresentado simplesmente não foi o que ocorreu”. Também disse que a suposta fraude eleitoral do governo ficou evidente, por conta das atas eleitorais apresentadas pela oposição. Segundo López, o resultado foi “esmagador” e “um tsunami de suporte à mudança pela via da democracia”.
Todavia, ele disse que não se pode deixar de lado a mudança de posicionamento de antigos aliados do regime venezuelano. “Mesmo aqueles que mantinham afinidades históricas, ideológicas ou afetivas com Maduro e o chavismo têm se longe. Os casos mais relevantes, por serem governos nacionais, são o Brasil, o México e a Colômbia que, ao seu estilo, à sua forma e ao seu tempo, reconheceram que os resultados apresentados por Maduro não são críveis”, declarou.
Leopoldo López vive na Espanha desde outubro de 2020, quando deixou a embaixada espanhola na Venezuela, onde ficou asilado desde abril de 2019, ao fugir da prisão domiciliar em que estava desde 2017. Antes disso, havia ficado recluso em uma penitenciária militar desde 2014, denunciado de incitar a violência durante protestos que exigiam a repúdio de Maduro.
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