Os jornais O Estado de S. Paulo e Folha de S.Paulo fizeram editoriais apontando para as graves consequências dos incêndios florestais que já encobrem 60% do Brasil em fumaça. Nos textos publicados nesta terça (10) e quarta-feira (11), os periódicos denunciam a falta de mobilização do governo federalista em torno do tema.
– O Brasil está pegando incêndio. E antes fosse unicamente no sentido translato, porquê decorrência do acirramento de ânimos típico dos períodos eleitorais. De congraçamento com o Instituto Vernáculo de Pesquisas Espaciais (Inpe), queimadas naturais e criminosas cobrem zero menos que 60% do território pátrio de fumaça (…). O resultado desse quadro medonho pode ser sentido por todos, mas sobretudo idosos e crianças, os mais suscetíveis ao agravamento de doenças cardiorrespiratórias causado pelo clima desértico – frisou o Estadão no texto intitulado O Brasil sufoca.
– O Brasil enfrenta uma crise ambiental não menos impactante que as enchentes do Rio Grande do Sul. Governos e sociedade, entretanto, reagem de forma letárgica à catástrofe. Um dia virá o cômputo de mortes adicionais na tempestade perfeita de incêndio e seca recordes, mas isso não é necessário para dimensionar o sinistro. Rios amazônicos secam, isolando ribeirinhos; aeroportos e portos fecham; aulas são suspensas; acidentes se multiplicam nas estradas sob visibilidade reduzida – enumera a Folha, no editorial Onde há fumaça há incêndio e falta urgência.
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Para o Estadão, o ato de respirar se tornou “um ato de resistência”, e embora essa “dimensão apocalíptica” dos incêndios já tenham iniciado há meses, só agora o governo federalista “parece ter acordado para a sisudez da situação”, tendo viajado ao Amazonas junto de ministros.
Na avaliação do jornal, o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Inópia, Wellington Dias, já dava sinais de estar “perdido” há semanas, tendo chegado a manifestar que a tragédia ambiental era uma “coisa novidade”.
– Novidade, a rigor, não é nem a prostração do governo federalista diante de um problema há muito sabido. (…) “Está todo mundo chocado com essa situação”, lamentou Wellington Dias. Ora, chocada está a sociedade brasileira diante da incompetência do governo Lula da Silva para mourejar com as queimadas, no melhor cenário, ou do descaso do presidente da República pela chamada questão ambiental, que não foi uma razão que o petista carregou no peito, instrumentalizando-a na medida de suas conveniências políticas de ocasião – criticou o editorial.
A Folha, por sua vez, frisou a responsabilidade do Congresso Vernáculo.
– O Congresso mal reage ao flagelo. Verdade que aprovou legislação sobre manejo de incêndio, porém em seguida seis anos de tramitação e três de queimadas devastadoras. (…) Cortou verbas do Ibama para combate a incêndios, depois recompostas por créditos extraordinários. Barrou a geração de uma mando climática por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – escreveu o periódico.
O jornal recordou que, diante do sinistro das enchentes gaúchas, os Três Poderes “se uniram pela reconstrução”. No caso dos incêndios, todavia, “faltam planos, metas e pronunciação no poder público. Cabe ao governo de um país em chamas liderar a mobilização para debelá-las, hoje, e prevenir que o despautério se repita no horizonte”.
– O Brasil precisa, de uma vez por todas, prosseguir na adaptação às mudanças climáticas. Condições meteorológicas extremas, porquê a seca, as ondas de calor e as enchentes já não são o “novo normal”, mas uma veras posta. Quando se fala em proteção do meio envolvente, está-se falando de segurança hídrica, energética e fomentar. Está-se falando de vidas, portanto. Ou Lula da Silva acorda para isso e lidera um esforço pátrio de adaptação às mudanças climáticas digno do nome – e não só para “inglês ver” – ou o Brasil será consumido por sua incompetência antes que as chamas possam assolar por completo os seus biomas – completou o Estadão.
Créditos (Imagem de envoltório): Foto: Marcelo Camargo/Sucursal
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