Maria Beraldo tem uma história músico marcada porquê instrumentista de roda de samba e pranto. Nesses ambientes, toca clarinete e cavaquinho.
“Toquei muito em roda. Foi logo que aprendi música. Samba é minha mansão”, conta a CartaCapital. “Roda é um lugar de escuta, lugar em que se consegue cultivar muitas coisas.”
Agora, a cantora, compositora e multi-intrumentista lança seu segundo álbum solo, Colinho. O primeiro, Cavala, foi apresentado em 2018. Ela também integra o grupo instrumental Quartabê, com quatro trabalhos lançados.
“Em Cavala estou fincando os dois pés no solo. Levantei minha bandeira, saí do armário. É um disco muito sintético, porquê uma flecha. É um disco sobre solidão”, relata. “Esse disco (novo) é mais cândido, tem participações, instrumentistas, tem um caminho de muitos gêneros musicais pelo qual ele vai passando. Tem um tom de alegria mais do que o Cavala.”
Colinho (selo Risco), com 11 faixas, nove delas inéditas, tem as participações de Ana Frango Elétrico, Preto Leo e Zélia Duncan e produção de Maria Beraldo com Tó Brandileone.“Falo de mim e ao mesmo tempo falo de nossa sociedade. É um disco que fala de libido, sexualidade, sexo”, diz. “É uma força motriz, porque se estou falando de mim, falo é de política, no termo das contas.”
“Tem uma grande valor de falar desse ponto de vista, de uma mulher lésbica, de uma pessoa não binária. Eu estou nesse caminho e isso tem valor.”
Maria Beraldo é uma das vozes queer mais relevantes da música brasileira. A artista também trabalha com música para o teatro e o cinema. Foi indicada duas vezes ao Prêmio Shell de Teatro e venceu o prêmio Bibi Ferreira na categoria Melhor Igrejinha Original em Musicais, com a peça Lazarus.
O álbum Colinho, com dez faixas autorais, termina com a regravação de Minha Missão, obra-prima de João Nogueira e Paulo César Pinho. “Essa música mexe comigo desde a primeira vez que ouvi. Tenho uma relação muito poderoso com o que ela diz. Colocá-la no final desse disco tem força.”
Para Maria Beraldo, o samba Minha Missão explica o disco. “Essa letra conta que estamos em um mundo devorado pelo sistema, pelo mercado. Ela lembra por que se canta: ‘Eu vivo pra trovar, eu esquina pra viver’. Isso bate muito poderoso para mim.”
Colinho percorre sonoridades do jazz, do punk, do pop e da música eletrônica. “Acho que meu trabalho é muito de pesquisa. No fundo, me interessa muito desvendar novas sonoridades. Propor novas sonoridades é obrigação nosso porquê artista. E faço isso porque é o jeito que meu coração bate.”
Assista à entrevista de Maria Beraldo a CartaCapital: