Os rebeldes que tomaram o poder na Síria nomearam nesta terça-feira (10) um gerente de Governo de transição e afirmaram que vão publicar uma lista de torturadores do vetusto regime.
Em enviado solene transmitido pela televisão síria, eles disseram que Mohamad al Bashir que ocupará o missão de gerente de Governo até 1º de março. Até logo, Mohamad al Bashir comandava o governo do reduto rebelde de Idlib, no noroeste da Síria.
Os rebeldes afirmaram também que vão publicar uma lista das autoridades “envolvidas em torturas contra o povo”, anunciou seu líder Ahmad al Shareh nesta terça.
“Vamos anunciar uma lista que incluirá nomes do elevado escalão envolvidos em torturas contra o povo sírio”, escreveu no Telegram o líder rebelde Abu Mohammed al Jolani, que agora utiliza seu nome real, Ahmad al Shareh.
“Vamos oferecer recompensas a qualquer um que forneça informação sobre altos oficiais militares e de segurança envolvidos em crimes de guerra”, sustentou. “Vamos perseguir os criminosos de guerra e pedir que eles nos sejam entregues pelos países para onde fugiram.”
Celas subterrâneas
O Observatório Sírio para os Direitos Humanos, ONG que reúne informações sobre a guerra, estimou em 2022 que mais de 100 milénio pessoas morreram, muitas sob tortura, nas prisões de Assad desde o início da guerra social em 2011. Segundo a entidade, 30 milénio ficaram detidas em Saydnaya, das quais exclusivamente 6 milénio foram libertadas.
Uma das primeiras decisões dos rebeldes ao tomarem Damasco foi furar as celas de Saydnaya no domingo. Durante horas acreditaram que havia níveis subterrâneos na penitenciária com um número incógnito de prisioneiros. Mas os Capacetes Brancos, grupo sírio de resgate, não encontraram tais celas escondidas.
Desde domingo, seus membros estiveram ocupados derrubando paredes com marretas e barras de ferro, usando sensores de áudio e cães farejadores.
“Os Capacetes Brancos anunciam a peroração das operações de procura de possíveis prisioneiros remanescentes em supostas celas e porões secretos”, afirmou a organização em enviado.
“A procura não resultou na invenção de nenhuma espaço oculta ou encoberta dentro das instalações”, acrescentaram os Capacetes Brancos.
Al Shareh iniciou conversas nesta segunda-feira com o governo deposto sobre a transferência de comando, um dia depois de sua federação opositora derrubar o presidente Bashar al Assad.
O movimento islamista Hayat Tahrir al Sham (HTS), de Al Shareh, controlava partes do território sírio quando lançou, em 27 de novembro, uma ofensiva relâmpago que culminou no domingo com sua ingresso na capital Damasco. Assad fugiu da Síria quando os rebeldes tomaram o poder e puseram termo à dinastia iniciada por seu pai, Hafez al Assad, há cinco décadas.
Embaixada brasileira
O Brasil evacuou, nesta segunda-feira (9), seu legado na Síria e outros funcionários para o Líbano devido ao aumento das tensões no país posteriormente a derrubada do presidente Bashar al Assad, informou o Itamaraty.
“O legado do Brasil junto à Síria acompanhará, temporariamente, a situação a partir de Beirute”, no Líbano, para onde se transferiu juntamente com os demais membros da representação diplomática “em razão das incertezas e instabilidade do atual contexto” na Síria, explicou o Ministério das Relações Exteriores em nota.
A transferência foi realizada em conjunto com as delegações de outros países, também baseadas na capital síria, Damasco. O Itamaraty assegurou, também, que está “monitorando” a situação de cidadãos brasileiros na Síria e “prestando-lhes a assistência consular cabível, de forma remota, a partir de Beirute”.
O governo Lula fez um apelo para que se assegure uma transição pacífica no país, que respeite sua independência, unidade, soberania e integridade territorial, segundo as resoluções do Juízo de Segurança da ONU. Uma nascente do governo brasílio disse à AFP que o legado André Luiz Azevedo e “um pequeno grupo” de funcionários administrativos permanecerão “lá até que a situação de segurança, as condições mínimas de segurança sejam restabelecidas”.
O governo Lula tomou a decisão de retirar os representantes brasileiros da Síria devido a numerosos relatos de invasões e atos de vandalismo contra prédios públicos e algumas embaixadas, de convénio com a nascente. As instalações da embaixada brasileira não foram fim de ataques.
Edição: Rodrigo Durão Coelho