Muro de 4 milénio bolivianos foram às ruas nesta terça-feira (10) marchar em base ao presidente, Luis Arce em meio a uma disputa política e econômica no país. A principal demanda é a aprovação de 12 empréstimos internacionais.
O último dos projetos – vetado pelos deputados bolivianos – era o empréstimo de US$ 18 milhões (R$ 668 milhões na cotação atual) para obras em rodovias contra eventos climáticos extremos.
A marcha desta terça foi realizada na capital La Tranquilidade e organizada pela Meão Obrera Boliviana (COB). Segundo a prelo sítio, uma secção dos manifestantes tentou entrar no Congresso, mas foi barrada por outro grupo.
A falta de base no Congresso expõe um racha no principal partido do país, o Movimento Al Socialismo (MAS). O grupo do atual presidente tem 75 dos 130 deputados, mas enfrenta uma repartição interna entre apoiadores de Arce e do ex-presidente Evo Morales. Os evistas têm votado contra os empréstimos junto com a oposição, o que barra esses projetos.
Até agora, 12 empréstimos foram vetados pelo Legislativo e eram oferecidos pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe (CAF) e o Banco Mundial. Somados, os empréstimos seriam de mais de 1 bilhão de dólares (R$ 5,7 bilhões aproximadamente). Além de obras públicas, eles seriam destinados a pagamento de dívidas acumuladas durante a pandemia e o desenvolvimento de energias renováveis.
Luis Arce publicou um vídeo no último domingo afirmando que a situação econômica deriva de uma falta de dólares, herdada da última gestão.
“Não foram feitos investimentos na exploração, o que gerou uma queda na produção de hidrocarbonetos, o que nos tornou dependentes da importação e, com isso, a demanda por combustíveis e os preços aumentaram”, afirmou ele.
Em sua conta no X (ex-Twitter), o ex-presidente Evo Morales disse que a certeza de Arce era “”moca” e que vai explicar a verdadeira situação do país em breve. “O povo precisa de respostas para a crise e não de quem dirige os destinos do país há quase 4 anos para lavar as mãos”, disse.
Crise interna
A disputa interna entre apoiadores de Evo Morales e de Luis Arce começou quando Evo voltou à Bolívia em 2020, posteriormente passar um ano exilado na Argentina por conta do golpe de Estado que levou à derrubada de seu governo, em 2019. O ex-presidente começou a criticar algumas decisões de Arce e seu apoiadores.
O rastilho na corrida pela liderança do MAS se deu em outubro de 2023, quando Morales organizou um congresso em Lauca Eñe, no província de Cochabamba. A região é nascimento político e reduto eleitoral do ex-presidente. No evento, ele chamou os apoiadores de Luis Arce de “traidores”.
Agora, os dois disputam quem será o candidato do MAS nas eleições de 2025, mas essa corrida está permeada por uma decisão da Justiça boliviana. O Tribunal Constitucional Plurinacional da Bolívia decretou em dezembro de 2023 que presidentes e vice-presidentes só poderiam praticar o função por dois mandatos, de forma seguida ou não.
Essa era uma vácuo que já existia na Constituição boliviana. Antes, a Epístola Magna afirmava que o presidente não poderia praticar o função por mais de dois mandatos, mas não especificava se eram seguidos ou não. Com a sentença judicial 1010, Evo Morales, que foi presidente por quatro mandatos, não poderia voltar ao poder.
Os apoiadores de Evo consideram que, com um novo Tribunal Constitucional, essa norma poderia tombar e Evo poderia voltar a ser candidato em 2025.
Edição: Rodrigo Durão Coelho
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