A plenitude senegalesa sentou tambores, cores, sabores e sabedoria no Armazém do Campo, no dia 31 de agosto, em São Paulo.
Num sabadão ensolarado, quem entrava no Arrecadação, localizado na região médio da cidade, conseguia sentir e viver um encontro potente em cada pormenor. Foi mais um daqueles encontros entre quem se reconhece e se quer muito.
Ao entrarmos pelo portão, a recepção era feita pelas roupas coloridas e belos acessórios que estavam expostos na feira senegalesa.
A música circulava de mãos dadas com a brisa deliciosa daquele dia, que tinha também o cheiro e o sabor do delicioso arroz temperado, completado com o suco de hibisco. Pratos típicos senegaleses preparados por três companheiras chegadas recentemente ao Brasil.
As crianças desfilaram. Numa dança orgânica de lindas cores e belezas, pudemos festejar, desde o Brasil, a terreno mãe África e a nossa solidariedade entre povos irmãos.
O Sarau Senegal foi quase uma vez que um terreiro de avó: crianças correndo e brincando felizes, conversas animadas que demarcam nossas existências, sorrisos diversos.
O Sarau foi um encontro de alegrias, um encontro de gentes que confiam na vida e que optam por estarem e resistirem em coletivo. Encontros circulares e ancestrais, desses tipos de reunião em que as gentes que cultivam a espiritualidade antigo se arrepiaram o tempo todo.
O Sarau trouxe presente a memorial de resistência dos países africanos.
Por isso, pensar nesse sarau e nas vivências desses dias nos desperta para a sua potência antigo, mas também para sua resistência ao processo de colonização realizado, principalmente pela França, que ocupou o território ao longo dos anos.
E já que estamos falando em sarau, pensar em Senegal nos remete a pensar na trova que é a origem do seu nome, que vem do rio Senegal, que na teoria popular, se origina da sentença “sunu gaal” que significa, na Língua uolofe, “nossa canoa”.
Pensar em Senegal é pensar nessa sua cultura marcada por história, música, lendas tradicionais, confecção de adereços, máscaras e literatura. É pensar que uma segmento do Brasil, sabe da sua existência, pelas canções da Margem Reflexu’s com seu Quina para o Senegal, e por Chico César, quando na Peito África, versava “deve ser permitido ser negão no Senegal”.
Sim, deve ser permitido ser negão no Senegal, em um processo de jacente luta por justiça e unidade com a comunidade africana uma vez que um todo.
Pensar nesse país é pensar que muitos e muitas de nós vieram de lá, por isso guardamos tantas coisas em generalidade. E todas as pessoas que passaram pelo arrecadação neste sábado, tiveram a oportunidade de saber um pouquinho da sua rica heterogeneidade cultural
A sarau foi do Senegal, mas encontramos vigor e vivência de povos de vários cantos.
É supimpa que o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terreno (MST), que é um movimento constituído em sua maioria por gente preta de luta e resistência, tenha recebido essa bença, esse axé! Que possamos seguir nos reunindo, nos comprometendo e socializando vivências rebeldes de quem escolheu a vida e a esperança uma vez que caminho.
Que sigamos produzindo iguaria para o corpo e para a psique, pois o MST deve ser também o terreiro da maioria do povo brasiliano, que é poderoso, belo e tem muito a ensinar.
Viva o povo do Senegal!
Viva a África, o Brasil e o Movimento Sem Terreno!
Viva toda a gente que luta!
* Juliana Bonassa é Artista e militante do MST; Mariana Lemos é Educomunicadora, artista e produtora cultural; Rosa Negra – Maria Rosineide Pereira, é Coordenação do grupo de estudos étnico-raciais/MST, secretaria de formação do Mãos Solidárias e doutoranda no PPGH/USP
Edição: Nathallia Fonseca
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