Os trabalhadores brasileiros estão em procura de mais renda, direitos e proteção social, revela a pesquisa “As classes trabalhadoras“, realizada pelo Meio de Estudo da Sociedade Brasileira (Casb). Os dados foram apresentados na tarde desta sexta-feira (9), em evento realizado na Fundação Perseu Abramo (FPA), em São Paulo.
Entre a população adulta brasileira que vive do trabalho, quatro em cada dez se sentem sob risco psicológico. A mesma parcela já fez, está fazendo ou sente que precisa fazer uso de medicamentos psiquiátricos e três em cada dez trabalhadores executam mais de uma atividade para complementar a renda. Na avaliação da equipe responsável pelo estudo, esses dados são revérbero da precarização do trabalho e da instabilidade financeira.
“O indumentária de ter trabalho já não é garantia de que não se está na linha da pobreza“, avalia a crítico de pesquisa Jordana Dias Pereira, da Instauração Perseu Abramo. Quando questionados sobre o principal ponto negativo do trabalho por conta própria, 64% informaram ser a preocupação de ficarem incapacitados e sem renda.
Com relação aos direitos trabalhistas, 79% dos entrevistados citaram o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e 69% mencionaram o seguro-desemprego uma vez que benefícios a que gostariam de ter entrada. “Olhando para os dados, a gente encontrou uma demanda por bem-estar e seguridade social”, afirma a crítico.
Realizada entre novembro e dezembro de 2023, a pesquisa foi dividida em duas etapas. Para a secção quantitativa, os pesquisadores ouviram 4.017 pessoas da classe trabalhadora, com idade entre 18 e 55 anos. Na período qualitativa, conduzida entre junho e julho de 2023, o estudo abordou 14 grupos focais de trabalhadores de empresas de plataformas digitais (motoristas, entregadores, profissionais de formosura, zelo e limpeza) de São Paulo e região metropolitana.
Os entrevistados para a período qualitativa indicaram uma piora na relação entre trabalhadores e empresas de plataformas digitais. Entre as reclamações, estão a exploração, sobretaxas e escassez de direitos. “Neste sentido, demandam por direitos e benefícios da CLT, principalmente assistência em caso de doença, acidente e gravidez – o que se vincula ao terror que possuem do desemprego e falta de renda”, aponta o relatório da pesquisa.
As pesquisas foram organizadas pelo Núcleo de Opinião Pública, Pesquisas e Estudos da Instauração Perseu Abramo e coordenadas pela Percentagem Organizadora do Casb.
Justiça social ressoa na base bolsonarista
Uma secção da pesquisa foi dedicada a calcular a opinião dos trabalhadores sobre temas relacionados à justiça social, levando em consideração a ideologia política dos consultados. Embora os eleitores de Lula sejam maioria entre os apoiadores de politicas de justiça social, uma vez que reforma agrária e taxação de grandes fortunas, esse último tema teve votação expressiva entre bolsonaristas. Entre os eleitores de Jair Bolsonaro, que é contrário a esse tipo de taxação, 40% concordam com a proposta.
Com relação à totalidade dos entrevistados, 53% são a favoráveis à taxação dos bilionários e somente 20% contra; 46% são em prol e 24% contra as moradias populares; e unicamente 27% dos trabalhadores disseram ser contrários à reforma agrária.
“A teoria de justiça social é muito possante. Tanto em quem votou na esquerda, uma vez que quem votou na direita, ela é presente”, avalia Carlos Henrique Arábico, diretor da Instauração.
Edição: Thalita Pires
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