A perda de espaço do campo progressista nas últimas eleições municipais reflete o golpe de 2016 contra a logo presidenta Dilma Rousseff. A estudo é do coordenador pátrio do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terreno (MST), João Paulo Rodrigues. Ele avalia que a recomposição desse segmento político no campo institucional ocorrerá no próximo pleito, período no qual as políticas públicas de impacto dos governos de esquerda chegarão aos territórios. “A eleição de 2028 será uma eleição em outros níveis”, projeta.
“Daqui a quatro anos, nós vamos ter política pública que vai chegar no interno. Nós vamos ter as entregas das prefeituras que vão ser feitas nesse último período. E essas entregas terão endereço, que são os mais pobres, e serão entregues pelo conjunto das forças mais progressistas que estão governando oriente país. Vamos ter uma agenda de disputa que vai melhorar o debate no interno e enterrar essa agenda da taxa de costumes”, analisa.
No último domingo (6), foram eleitas 133 candidaturas para as câmaras municipais e prefeituras ligadas à luta pela reforma agrária e apoiadas pelo MST. Desse totalidade, 43 são militantes do movimento.
Rodrigues avalia que as campanhas nos municípios em 2024 foram comandadas por políticos eleitos em seguida o golpe, com recursos vindos do orçamento secreto. “Quem comandou elas [eleições] foram os prefeitos eleitos, vereadores eleitos com o golpe, eleitos ainda no governo [Jair] Bolsonaro”, pontua.
Para o coordenador do MST, é verosímil observar uma recomposição da esquerda, mas ainda tímida. “Volto a expressar que essa não foi a nossa eleição municipal.”
MST nas eleições
Diante deste cenário, Rodrigues aponta que o MST adotou diferentes estratégias. Uma delas foi atuar na base para impedir a ingressão da extrema direita nos assentamentos e acampamentos. “Seguramos, com muita dificuldade, porque não é o candidato, são as ideias de direita, a agenda de direita e a quantidade de recursos de compra de voto”, explica.
O movimento também se mobilizou para que a militância votasse em candidaturas progressistas e, por término, a estratégia de seleccionar candidatos ligados ao MST. “É uma conta muito mais difícil, porque um candidato nosso não se elege só com a base do MST, ele precisa, naturalmente, ter a base da cidade, aí a vida fica um pouco mais difícil, mas, de qualquer forma, nós tivemos eleições emblemáticas”, avalia.
Ele cita a eleição da professora e historiadora Maíra do MST, com 14.667 votos, no Rio de Janeiro. O movimento apoiou muro de 700 candidaturas comprometidas com as pautas da reforma agrária popular, distribuídas em 12 partidos.
“E óbvio que teve uma quantidade enorme de candidatos nossos que não se preparou para a campanha, do ponto de vista da informação, da relação com as famílias, da relação com o partido, da relação com a sociedade e quem chegou por último achando que era um oba-oba, pensando ‘vou entrar que eu vou lucrar só porque tem o chancela do Lula, do PT ou do MST’, comprovou que não é assim a eleição.”
Ele avalia, no entanto, que o movimento sai fortalecido dessa experiência. “Elegemos bons companheiros, bons militantes. Vamos conseguir, a partir de agora, prometer que a política pública que passa por estado ou pelo município seja dialogada melhor com o assentamento, políticas da instrução, na saúde, na merenda escolar. Não tenho incerteza que nós projetamos uma novidade geração de militantes que serão lideranças em cada município.”
Edição: Nathallia Fonseca
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