O genocídio de Israel na Tira de Gaza completou 12 meses nesta segunda-feira (7) sem possuir previsão de trégua. Para piorar, o conflito aumentou no Oriente Médio, com envolvimento do Líbano, Irã, Iêmen, Iraque e a Síria.
Um ano depois do início do conflito em território palestino, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, reforçou que pretende atingir os objetivos estabelecidos pelo seu governo contra o Hamas. A missão é destruir o grupo islâmico, segundo o premiê.
Para Matheus de Roble Hernandez, professor de Relações Internacionais da Universidade Federalista da Grande Dourados (UFGD) e gerente do Escritório de Assuntos Internacionais da instituição, é muito difícil fechar a guerra caso Israel insista nesse pensamento. Embora o homicídio de líderes enfraqueça Hamas e Hezbollah, por exemplo, é praticamente impossível expulsar totalmente esses grupos e impedir que outras forças contra Israel surjam.
“Eu acho que, sim, eles foram enfraquecidos, afetados. A gente viu o homicídio de um líder do Hamas, por exemplo, em Teerã. A gente teve um homicídio de um líder político – o Nasrallah – do Hezbollah também. Logo, isso indiscutivelmente enfraquece na medida em que você vai eliminando os decisores, as lideranças da cúpula. Só que, de maneira nenhuma, seria provável a gente espetar que isso vai levar ao desaparecimento desses grupos”, afirma.
“Muitos desses grupos, na dificuldade do Oriente Médio, pleno de tensões internas, surgem em grande medida em resposta às posturas de Israel. É muito difícil que um ataque promovido por Israel seja capaz de expulsar completamente esses grupos ou, pelo menos, expulsar a possibilidade de que eles ressurjam, porque o ressentimento vai estar presente. É preciso entender que a grande razão por trás dessa postura de Israel, no momento, essa postura conjuntural, para além da postura colonial em relação aos assentamentos na Tira de Gaza, na Cisjordânia, é o remendo político que o Netanyahu desenhou”, explica o professor.
Hernandez argumenta que o premiê israelense se une à extrema direita também com temor de perder poder e tentar se proteger. “Ele se agarra à extrema direita, que tem essas posições retrógradas de ataque, mormente aos palestinos, mas não somente, porque ele vem sendo denunciado de prevaricação. E no receio de perder a isenção, que aconteceria com a perda de poder, se ele sai do poder, aí ele fica refém. Refém é uma termo poderoso, mas ele fica a reboque dessa base de esteio”, esclarece.
Décadas de reconstrução
Os ataques de Israel já deixaram quase 42 milénio mortos na Tira de Gaza, segundo dados do Ministério da Saúde do Hamas, além de milhares de refugiados palestinos. E os bombardeios, que não param, provocam destruições que não são capazes de serem revertidas em pequeno prazo, aponta o professor da UFGD.
“É preciso ter uma dimensão do que está acontecendo em Gaza, inclusive em termos de ruína. Em reportagem muito recente, a gente teve chegada a imagens de satélite, por exemplo, do que está realmente acontecendo em Gaza. Logo, você tem uma indicação de quase 70% dos prédios destruídos. Você tem quase 90% das atividades agrícolas destruídas. Aliás, pelos cálculos, face à ruína, nós estamos falando de uma subtracção do Resultado Interno Bruto [PIB] de Gaza, de muro de 80%.”
“Isso praticamente inviabiliza a existência daquele território, na medida em que ele não é mais capaz de prover vida digna a quem está ali. E não por sua culpa, mas em razão justamente dos ataques. E se a gente pegar a ruína de infraestrutura e entrar nos dados de maneira mais detalhada, você vai ver a ruína, por exemplo, de escolas, de usinas geradoras de virilidade, de prédios públicos… Ou seja, você vê a infraestrutura de todo um território que veio inferior. A possibilidade de reconstrução, se ela começa agora – o que a gente não está vendo – são por décadas, de reconstrução”, lamenta.
Incapacidade da ONU
O técnico em Relações Internacionais ainda critica a posição da Organização das Nações Unidas (ONU) diante da escalada dos conflitos. Ele reforça a posição do presidente Lula sobre a reforma do Recomendação de Segurança do órgão.
“A ONU está destituída de poder nesse momento. O Recomendação de Segurança está completamente travado pelo poder de veto de algumas potências, no caso desse conflito, dos Estados Unidos, razão pela qual o Brasil brada há muitos anos pela reforma do Recomendação de Segurança. Mas, outrossim, a própria relação da ONU com Israel está muito estremecida. Logo, atualmente é muito complicado a gente encontrar qualquer figura institucional ou político que seja capaz de gerar esse cessar-fogo.”
A entrevista completa está disponível na edição desta terça-feira (8) do Médio do Brasil, no meio do Brasil de Roupa no YouTube.
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O Médio do Brasil é uma produção do Brasil de Roupa. O programa é exibido de segunda a sexta-feira, ao vivo, sempre às 13h, pela Rede TVT e por emissoras parceiras.
Edição: Martina Medina
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