Posteriormente a demissão de Silvio Almeida do missão de ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, na noite desta sexta-feira (6), representantes dos movimentos preto e dos direitos humanos se manifestaram pedindo cautela nas repercussões sobre o caso.
O ex-ministro é culpado de assédio sexual, mas nega as denúncias. Uma das vítimas seria a ministra da Paridade Racial, Anielle Franco, que se manifestou pedindo respeito à sua privacidade. Ela não confirmou nem negou ter sofrido assédio de Almeida.
Luka Franca, secretária de organização estadual do Movimento Preto Unificado de São Paulo (MNU-SP), alerta para a violência presente na exposição generalizadas das envolvidas na denúncia. Ela comenta que a cobrança para que a vítima venha a público apresentar seu relato representa um processo de revitimização. “É também violento”, avalia.
Na rede social Threads, a militante dos direitos humanos Monica Benício reforçou o pedido de desvelo com as informações repassadas. “Deve-se também ter cautela com narrativas que aprofundam os racismos e perpetuam os discursos de ódio que fragilizam a democracia brasileira”, escreveu. Monica era a companheira de Marielle Franco, vereadora assassinada em 2018 e mana de Anielle.
A deputada federalista Erika Hilton (Psol) prestou solidariedade a Anielle e pediu ponderação nas opiniões públicas sobre a denúncias. “Em casos de assédio, a prioridade sempre deve ser a proteção e o saudação às vítimas”, escreveu, em postagem na rede social Bluesky. “E deve ser preservado também o princípio do recta de resguardo do Ministro Silvio Almeida”, ressaltou.
Luka Franca, do MNU, tem posicionamento no mesmo sentido. “As investigações devem ser feitas de maneira a não destruir nenhuma das vidas”, alerta a militante. “É uma guia para o movimento preto a gente ver duas figuras importantes do primeiro escalão do governo, negras, expostas desse jeito”, lamenta.
A Marcha Mundial das Mulheres destacou a preço de políticas públicas para combater a violência contra mulheres. “É urgente que os mecanismos públicos de combate à violência funcionem, e que as organizações políticas levem a sério as denúncias feitas pelas mulheres. Denúncias de violência vêm a público quando todos os outros mecanismos falharam. É inadmissível que tenhamos que nos expor nas redes sociais para conseguir respostas para as violências que sofremos”, destaca a organização em nota ao Brasil de Trajo.
“Se tivermos políticas que funcionem, uma Ministra de Estado, uma catadora, advogada ou doméstica poderá ter no Estado brasiliano o protecção e a solução necessária para a violência”, segue o texto.
Confira outras manifestações sobre o caso:
Edição: Thalita Pires
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