Nesta quinta-feira (5) o médico e geógrafo Josué de Castro completaria 116 anos, se estivesse vivo. Escrita a partir da reparo da população faminta do Recife, Geografia da Inópia se tornou sua obra mais conhecida, tendo impacto pátrio e internacional sobre a percepção deste problema. Para ampliar o conhecimento sobre Josué, a Instalação Joaquim Nabuco (Fundaj) tem catalogado e digitalizado o montão pessoal de fotos, cartas, manuscritos e artigos escritos pelo intelectual pernambucano.
Os arquivos em posse da Fundaj estão sendo catalogados e digitalizados para ficarem disponíveis online para pesquisadores e demais pessoas interessadas em saber mais sobre a vida e obra de Josué de Castro. São mais de 1,8 milénio cartas enviadas, mais de 2 milénio cartas recebidas, muro de 6 milénio recortes de jornais, 657 fotos, além de mais de 7,3 milénio livros e fascículos de periódicos – destes, mais de 2,5 milénio já estão disponíveis.
Márcia Ângela Aguiar, presidente da Fundaj, agradeceu aos familiares de Josué de Castro, que confiaram o montão à Instalação. “Muito importante que levante montão esteja alcançável à sociedade. Viabilizar levante chegada é uma das nossas tarefas prioritárias”, destacou.
A proposta é que a Fundaj e a organização não-governamental Meio Josué de Castro (CJC) lancem publicações e promovam seminários focados no legado do geógrafo pernambucano.
O sociólogo José Arlindo Soares, que hoje preside o CJC, visitou a Fundaj na última quarta (4). “Está muito conservado. E o processo de digitalização e de início ao público está avançado. Tudo está em condições de ser apresentado ao público, mormente os pesquisadores”, avaliou o presidente do CJC, pontuando ainda a valia de manter o montão completo na região Nordeste.
O CJC era responsável pela preservação do montão até 2011, quando avaliou que não tinha condições de mantê-lo em condições adequadas e devolveu o material à família, que posteriormente buscou a Fundaj para cuidar do montão. Mas secção do material ainda está em posse da família. Segundo José Arlindo Soares, também devem ser transferidos para a Instalação Joaquim Nabuco nos próximos meses. “É o lugar mais adequado”, pontua.
Historiadora e pesquisadora da Fundaj, Rita de Cássia Araújo conta que “a família reafirmou o compromisso de preservar a memória de Josué de Castro na terreno onde ele nasceu e onde surgiram suas ideias matriciais sobre a penúria, percebendo-a uma vez que fenômeno sócio-histórico”, destaca ela.
Araújo avalia que o intelectual “foi pioneiro ao identificar que a penúria não é um problema de raça e meio, uma vez que se acreditava à idade, e que não se limita geograficamente ao Nordeste, mas um fenômeno econômico e social que se alastra por diversas regiões do país e do mundo”, afirma. “Sua obra se mantém atual, pois promove reflexões sobre uma vez que o capitalismo se estrutura e defende a desigualdade entre as nações”, completa a pesquisadora.
Conheça o pensador
Josué Apolônio de Castro nasceu no Recife, em 1908, e formou-se em medicina aos 21 anos. Ele também foi geógrafo, investigador social, político e jornalista, o principal nome brasílio no combate à penúria em seu período. Reconhecido internacionalmente, foi pioneiro no estudo da penúria e da fome, dedicando a vida à luta contra a escassez de mantimentos e a injustiça social. Josué liderou a sucursal da ONU para lavradio e alimento (FAO) e foi legado brasílio na ONU.
Antes de sua morte, em 1973, o pernambucano escreveu mais de 30 livros, sendo Geografia da Inópia no Brasil (1946) a sua obra mais famosa. Outro tema custoso a Josué de Castro é a ecologia. Apoiador de métodos de ensino popular, Josué foi parceiro de Paulo Freire e outros expoentes da intelectualidade lugar no Movimento de Cultura Popular, desmontado pela ditadura militar em 1964.
Assista: Como a ditadura silenciou as denúncias de Josué de Castro sobre a fome
Manancial: BdF Pernambuco
Edição: Vinícius Sobreira
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