O terceiro trimestre de 2024, que inclui a reta final das pré-campanhas e a maior segmento do período eleitoral das disputas municipais, registrou 323 casos de violência contra figuras da política brasileira. É o trimestre mais violento em cinco anos, segundo levantamento do Observatório de Violência Política e Eleitoral da Universidade Federalista do Estado do Rio de Janeiro (Unirio).
Os números de julho, agosto e setembro superam os últimos três meses de 2020 – que incluem o período eleitoral daquele ano -, quando os pesquisadores catalogaram 236 casos. Neste ano, foram 242 considerando as mesmas categorias de pesquisa: violência física e psicológica.
Os outros 81 casos foram tipificados uma vez que violência de natureza semiótica (uma vez que desqualificação e objetificação), econômica (roubo ou vandalismo) e sexual (assédio, importunação e ameaço de estupro), novas categorias no estudo. Com os dados deste último trimestre, 2024 chega à marca de 510 casos de violência política em todo o país.
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– O aumento da violência na era de eleição era um oferecido esperado, mas acabamos batendo recordes que assinalam o agravamento deste cenário – disse Miguel Carnevale, pesquisador do Observatório.
Enquanto episódios uma vez que a cadeirada de José Luiz Datena (PSDB) em Pablo Marçal (PRTB) aconteciam em frente às câmeras na corrida pela Prefeitura de São Paulo, casos no interno faziam o estado chegar à soma de 58 ocorrências de violência política nos últimos três meses, incluindo 21 agressões físicas e três homicídios.
Logo detrás de São Paulo, o estado do Rio de Janeiro foi o que mais registrou casos, com 42. Depois, Ceará, com 23; Bahia, com 22; e Paraíba, com 21.
“MUITO MEDO”
O tipo de violência com maior número de ocorrências no levantamento é ameaço. Foram 80 de julho a setembro.
– A gente se sente constrangido, humilhado, e [esse tipo de situação] gera muito susto, muito susto mesmo – afirmou o candidato a prefeito Alysson da Saúde (PT), de Campo Florido (MG), que tenta a reeleição.
Ele relatou à Polícia Federalista e à Justiça Eleitoral em agosto duas ameaças que sua placa recebeu por WhatsApp durante o período de campanha. Números não identificados exigiam o solidão dele e de seu candidato a vice, Thales de Santi, da política.
– Sai fora da política, depois não vai chorar o leite entornado – dizia uma delas. A PF colhe depoimentos a reverência das ameaças.
A 370 km dali, em Carmo do Rio Branco (MG), o prefeito Filipe Carielo (PSD), que tenta a reeleição, relatou ter sido ameaçado com um facão no mês pretérito por um funcionário da prefeitura que se dizia insatisfeito por uma transferência de setor. O varão o acuou dentro de um bar, fazendo o candidato se esconder dentro do banheiro. A Polícia Social de Minas Gerais investiga o caso.
Pessoas sem estabilidade acabam partindo para a agressão, o que é inadmissível. É importante para a democracia que ela seja livre de violência – disse Carielo.
Agressões físicas também estão no topo da lista de principais episódios de violência política, com 79 casos identificados. Em setembro, por exemplo, dois vereadores de grupos políticos adversários em São João do Arraial (PI), Cajé Rocha (MDB) e Jurandir Pontes (PT), trocaram socos no plenário da Câmara Municipal em seguida discussão.
No mesmo mês, em Sobral (CE), o ex-prefeito Veveu Arruda se envolveu em uma pendência com moradores durante ato eleitoral de sua mulher, Izolda Cubículo (PSB), candidata a prefeita da cidade. Os dois casos foram filmados e viralizaram em redes sociais.
*AE
Créditos (Imagem de cobertura): Foto: Reprodução/TV Cultura
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