Nas eleições de 2020, um voto seria suficiente para prometer que o empresário Celso Padovani (DEM), único candidato à Prefeitura de Marcelândia, fosse eleito. Em 2024, o cenário se repete e Padovani participa sozinho da corrida eleitoral, agora candidato pelo União Brasil.
Localizada na região nordeste do estado do Mato Grosso e a 688 quilômetros de Cuiabá, Marcelândia integra a lista dos municípios que mais desmatam a Amazônia, de pacto com informações do Ministério do Meio Envolvente e Mudança do Clima (MMA). Desde 2007, o ministério estabelece uma relação dos municípios prioritários para ações de prevenção, monitoramento e controle do desmatamento pelo Projecto de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Permitido (PPCDAm). Essas localidades são monitoradas anualmente. Atualmente, a lista conta com 70 municípios, responsáveis por quase 80% da devastação do bioma.
Com uma população de aproximadamente 11 milénio habitantes, Marcelândia ocupa a 97ª posição entre os 100 maiores do país em extensão territorial, de pacto com levantamento do relatório Os Gigantes, realizado pelo Observatório De olho nos Ruralistas. São mais de 1,2 milhões hectares, o equivalente ao país europeu de Montenegro.
Quase 20% dessa dimensão é ocupada por pastagens. Secção delas, em nome do prefeito. Embora na ficha eleitoral registrada no sistema do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Padovani esteja identificado porquê empresário, ele é proprietário de terras e de bois. Na enunciação apresentada ao TSE em 2020, o candidato tinha três fazendas e 1.694 cabeças de mancheia, entre outros bens com valor totalidade de R$ 10.539.466,84.
Quatro anos depois e com o patrimônio acrescido de mais de R$ 5,5 milhões, Padovani declarou três fazendas em Marcelândia e uma em Novidade Santa Helena (MT) onde, em 2011, foi autuado pelo Instituo Brasílico do Meio Envolvente e dos Recursos Renováveis (Ibama) por desmatar 54 hectares de floresta nativa em dimensão de suplente lítico e multado em R$ 272.680. Ele entrou com recurso contra a punição, que está em estudo.
Em 2018, Padovani recebeu outra autuação do instituto, desta vez por desmatar 181 hectares de Floresta Amazônica na dimensão da rancho Novo Horizonte, em Marcelândia, imóvel que consta na enunciação de bens do candidato. O valor da multa ficou em R$ 910.000. Também em 2018, ele foi multado em R$ 311.500 por apresentar informação parcialmente enganosa no Sistema de Cadastro Ambiental Rústico (Sicar-MT). Os casos seguem em descerrado, em trâmite na Justiça.
Enquanto isso, seu rebanho cresce, saltando para 2.925 cabeças em 2024, o que corresponde a 1,3% do totalidade de bois do município. Em 2022, o rebanho totalidade de Marcelândia era de 224.009 cabeças de mancheia, segundo o Instituto Brasílico de Geografia e Estatística (IBGE).
Uma coleção de dez armas de queimada, entre elas um fuzil no valor de R$ R$ 17 milénio, engrossam o caldo do patrimônio proferido em 2024 pelo horizonte prefeito de Marcelândia. Espingardas, revólveres e pistolas compõem o arsenal.
Em um vídeo publicado no Instagram, o candidato comenta o que considera um préstimo da sua gestão. “Aquela luta política em Marcelândia, que era terrível, se acabou”, diz.
Em 2020, Padovani recebeu 1.244 votos. A eleição em Marcelândia naquele ano teve 28,85% de continência, 6,81% de votos brancos e 8,76% votos nulos.
O Brasil de Trajo tentou contato com Celso Padovani, mas não recebeu retorno até o fechamento da reportagem. Em caso de resposta, o texto será atualizado.
Outro caso
No município de Apiacás, a 964 quilômetros de Cuiabá, no extremo setentrião do Mato Grosso, o candidato à reeleição Julio Cesar dos Santos (MDB) também é o único a pleitear o incumbência de prefeito. Em 2020, quando disputou o posto com Ramilton Luna de Alencar (PP), Julio foi eleito com 55,45% dos votos. Naquele ano, declarou um patrimônio no valor totalidade de R$ 5.340.953,29.
Em 2024, o patrimônio saltou para R$ 6.453.415,82. Entre os acréscimos, estão 1.076 cabeças de mancheia. Na ficha eleitoral de 2020, a profissão de Julio era de gestor, substituída em 2024 pela de prefeito. Assim porquê Padovani, o candidato não se define porquê pecuarista ou quinteiro, embora seja proprietário de grandes extensões de terreno.
Com 8.590 habitantes, Apiacás também faz segmento da lista dos maiores desmatadores da Amazônia e, assim porquê Marcelândia, ficou de fora do programa União com Municípios pela Redução do Desmatamento e Incêndios Florestais na Amazônia. O município ocupa a 54ª posição entre os maiores do Brasil.
O programa União com Municípios pela Redução do Desmatamento e Incêndios Florestais na Amazônia, lançado em 2024 pelo MMA, prevê benefícios financeiros às prefeituras que reduzirem as taxas de desmatamento. Dos 70 municípios da lista dos maiores desmatadores da Amazônia, 22 ficaram de fora do programa, sendo 14 comandados por prefeitos fazendeiros.
Deixou a lista, mas voltou
De pacto com o dossiê Os Gigantes, as políticas ambientais em Marcelândia tiveram um breve período de vitória. Em 2013, o município deixou a lista de municípios prioritários para ações de prevenção, monitoramento e controle do desmatamento. A conquista foi fruto de uma bem-sucedida política de controle estabelecida por Adalberto Diamante (PR), prefeito entre 2005 e 2012.
Na gestão seguinte, de Arnóbio Vieira de Andrade (PSD), as ações regrediram, levando Marcelândia de volta à relação dos maiores desmatadores da Amazônia, formalizada em portaria de 2018. Sob Arnóbio, a perda florestal anual saltou de 12 km², quando assumiu, para 112 km² em 2020 – posicionando o município entre os vinte maiores desmatadores da Amazônia naquele ano.
Candidatos únicos
No estado do Mato Grosso, nove municípios contam com candidato único para o incumbência de prefeito nas eleições de 2024. No Brasil, são 214 municípios com unicamente um candidato, segundo um levantamento feito pela Confederação Pátrio dos Municípios (CNM). A maior segmento dos casos está no Rio Grande do Sul, onde 43 municípios terão somente um candidato a prefeito.
Na estudo percentual, o Mato Grosso fica em terceiro lugar entre os estados com mais localidades com candidatos únicos.
Pela legislação eleitoral, o pleito para os cargos do Executivo (prefeito, governador e presidente) segue o sistema majoritário, em que ganha a candidata ou o candidato que receber a maioria dos votos válidos (excluídos brancos e nulos). Com isso, no caso de candidatura única, basta um voto para que a pessoa seja eleita.
Edição: Thalita Pires
Discussion about this post