O legista de Jair Bolsonaro, Paulo Cunha Bueno, afirmou que o ex-presidente foi traído por militares durante o período pós-eleitoral, sugerindo que uma conspiração interna, envolvendo uma junta militar, visava substituir Bolsonaro e não beneficiá-lo, uma vez que muitos poderiam imaginar. Segundo o legista, esse projecto golpista não incluía o nome de Bolsonaro, que não faria secção do governo caso a trama tivesse sucesso. O projecto envolvia até a morte de Lula, o que reforça as suspeitas de um grupo de militares e outros envolvidos na tentativa de tomada de poder.
O legista ainda criticou as alegações que sugerem que Bolsonaro sabia da intenção golpista. Ele ressaltou que, até onde se sabe, o ex-presidente não foi informado sobre esse projecto, uma trama que, segundo ele, não chegaria ao seu conhecimento. Bueno, por outro lado, argumenta que seria “crível” que outras pessoas envolvidas o tivessem abordado com propostas sem o envolvimento direto de Bolsonaro.
Outrossim, o criminalista defende que não faz sentido a prisão de Bolsonaro, oferecido o contexto, e que ele deveria ser julgado de forma justa, longe de pressões e perseguições políticas.
A postura do legista reflete um esforço em evitar que o ex-presidente seja incriminado sem provas claras, contestando as alegações de que ele teria participação ativa na tentativa de golpe.
Bolsonaro, por sua vez, reagiu com veemência às acusações, alegando que o Supremo Tribunal Federalista (STF), em próprio o ministro Alexandre de Moraes, teria levado investigações de forma enviesada e criativa, buscando incriminá-lo sem base permitido. Ele também destacou que sempre agiu dentro dos limites constitucionais e que não teria cogitado uma ação fora da validade.
A relação entre Bolsonaro e as Forças Armadas é um tema meão no debate, já que, ao longo de seu governo, muitos militares ocuparam cargos-chave, e a crise política atual revela uma verosímil subdivisão interna. A teoria de que a traição partiu de dentro das Forças Armadas é, para muitos, uma maneira de tentar limpar a imagem do ex-presidente e responsabilizar outros por qualquer envolvimento em ações ilícitas.
Nascente novo capítulo da investigação sobre o ex-presidente levanta questões sobre os limites da ação das autoridades, o papel das Forças Armadas e a própria dinâmica interna do governo Bolsonaro. O legista de Bolsonaro, ao esgrimir que seu cliente foi traído, joga luz sobre uma narrativa complexa, onde as alianças e os interesses internos parecem ter sido mais profundos do que inicialmente se imaginava.